PF desmantela organização criminosa voltada para a prática de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Estima-se que a organização chegue a movimentar mensalmente valores superiores a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) em razão das atividades ilícitas desempenhadas, sendo identificados preliminarmente bens pertencentes ao grupo avaliados em aproximadamente trinta milhões de reais.
A Polícia Federal, através da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Superintendência Regional do Estado de Rondônia (SR/PF/RO), deflagrou na manhã desta quarta-feira, dia 24.05.2017, a denominada Operação Epístolas visando o desmantelamento de uma organização criminosa voltada para a prática do delito de tráfico de drogas e lavagem de capitais oriundos de atividades ilícitas.
As investigações se iniciaram há mais de 01 (um) ano com a apreensão de um bilhete picotado em uma marmita encontrado por Agentes Federais de Execução Penal no interior da Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), através do qual, após a sua reconstituição e confirmação por exame grafotécnico ter sido escrito pelo líder da Organização Criminosa, se identificaram diversas ordens a outros integrantes do grupo que se encontravam em liberdade, sendo estes referidos apenas por apelidos e codinomes, posteriormente identificados pela equipe de investigação.
Verificou-se que, mesmo estando preso em regime fechado há mais de 16 (dezesseis) anos, dos quais 11 (onze) no Sistema Penitenciário Federal, ainda mantém o controle de diversas atividades ilícitas em comunidades do Rio de Janeiro e outros pontos do país.
Além do tráfico de drogas, este ainda possui sob seu comando a venda e fornecimento de cestas básicas, gás de cozinha, instalação de internet e TV a cabo, máquinas caça níquel, serviços de mototáxi, dentre outras atividades que lhe rendem milhões de reais mensalmente.
Em razão do rendimento destas atividades ilícitas, a organização criminosa montou um forte esquema de lavagem de capitais através de empresas de fachada e estabelecimentos comerciais, sobretudo casas de shows e bares, além, é claro, da aquisição (e reformas) de imóveis e veículos de alto valor, sempre registrados em nome de terceiros.
O investigado teria criado (ou recriado) um esquema altamente elaborado e sofisticado para a transmissão de seus bilhetes, não havendo sequer indícios, ao longo de toda a investigação, de participação ou facilitação por parte dos Agentes Federais de Execução Penal lotados no Presídio Federal de Porto Velho/RO ou demais servidores públicos envolvidos.
Ao longo da investigação foram apreendidos cerca de 50 (cinquenta) bilhetes redigidos ou endereçados ao interno.
Estes bilhetes eram repassados para os internos que se encontravam em celas vizinhas à sua através das chamadas “terezas”, pequenas cordas fabricadas com fios dos tecidos das roupas de cama e outras peças, cabendo a estes, por sua vez, os entregar às esposas/companheiras durante as visitas íntimas, atuando na função conhecida como “pombo correio”.
As pessoas de maior relacionamento e confiança compunham o chamado “Conselho”, sobretudo familiares, contando, ainda, com o auxílio e colaboração de advogados, os quais transcendiam a simples relação de advogado-cliente, passando a ocupar postos específicos e essenciais na estrutura da organização.
Ao longo da investigação foi possível identificar a apreensão de 03 (três) cargas de entorpecentes pertencentes ao grupo, totalizando aproximadamente 15 kg de cocaína, 3.000 comprimidos de ecstasy, 1600kg de maconha, além de armas e munições.
Ao todo, foram expedidos 147 mandados pela 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Rondônia, sendo 22 de prisão preventiva, 13 de prisão temporária, 27 de condução coercitiva, 85 de busca e apreensão, além de diversas outras medidas cautelares, incluindo-se o bloqueio de valores que somados chegam a R$ 9.000.000,00 (nove milhões de reais) depositados em 51 contas bancárias e suspensão de atividades comerciais de 9 empresas.
Tais medidas foram cumpridas, além do Estado de Rondônia, também no Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Os presos preventivamente em outros Estados da Federação serão todos trazidos para o Estado de Rondônia, sendo determinada a transferência imediata do líder e do comparsa responsável pela saída e entrada dos bilhetes para outra unidade do Sistema Penitenciário Federal e a inclusão emergencial de alguns “conselheiros” na Penitenciária Federal de Porto Velho, como forma de desarticular a organização criminosa.
Estima-se que a organização chegue a movimentar mensalmente valores superiores a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) em razão das atividades ilícitas desempenhadas, sendo identificados preliminarmente bens pertencentes ao grupo avaliados em aproximadamente R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).
O termo epístola é utilizado para denominar textos escritos de maneira coloquial em forma de carta, com objetivo, ou não, de serem enviados ou obter respostas dos destinatários.