Depressão é uma das grandes preocupações dos profissionais de saúde e a cada ano tem aumentando consideravelmente o número de casos no mundo.
Em Vilhena (RO), cidade a cerca de 700 quilômetros de Porto Velho, as autoridades afirmam que pelo menos 50 casos são diagnosticadas por mês com a doença.
Segundo o Centro Assistencial Psicossocial (CAPS) do município, atualmente o órgão tem aproximadamente 500 pacientes com tratamento de forma contínua.
“Todos os dias recebemos cerca de 60 pessoas em busca de ajuda”, diz o coordenador do CAPS, Rafael Reis. “Dentre essas pessoas sempre há casos bem sérios, como de depressão grave, transtorno afetivo bipolar e esquizofrenia”, ressalta.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que pelo menos 332 milhões de pessoas sofrem de depressão ao redor do mundo, sendo 12 milhões só no Brasil.
O relatório foi divulgado este ano e apontou um crescimento de 18% no período de 2005 a 2015.
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Sintomas
A depressão tem vários graus de intensidade: leve, moderada e grave. Em grande parte, as mulheres são mais acometidas.
A falta de informação e discussão sobre este tema, de acordo com a OMS, ajuda a agravar epidemia que tem se tornando a comum sobre a população.
Casos que não são devidamente diagnosticados e tratados podem causar sérios problemas, evoluindo para um quadro clínico pior ou até mesmo a morte voluntária.
Depressão moderada e grave
É um dos transtornos psiquiátricos mais comuns, atingindo principalmente as mulheres. A psicóloga Nikolli Evelyn Gubert conta os principais sintomas.
“Apesar de se tratar de um transtorno multifatorial, a depressão apresentará manifestações diferentes em cada pessoa, mas os sintomas clínicos que são padrões: tristeza profunda, desânimo, angústia, falta de vontade, alteração no apetite, diminuição da libido, agitação ou retardo psicomotor e anedonia, que é a dificuldade ou impossibilidade em sentir prazer”, enfatiza.
A psicóloga afirma que se esses sintomas são frequentes e duram durante grande parte do dia, da semana, é a hora de procurar ajuda especializada.
Amigos, pessoas próximas e familiares devem estar atentas e, caso notem, conversem com a pessoa e sugira buscar ajuda.
Convivendo com a doença
Uma mulher de 39 anos, paciente do CAPS em Vilhena, contou em entrevista ao G1 como é a convivência com a doença.
“É tão horrível conviver com a depressão, é ruim, muito ruim, pois parece que eu tô bem aqui, só que por dentro de mim não está, ninguém sabe o que está acontecendo e, na verdade, ninguém quer nem saber. Têm muitas piadinhas com isso do tipo... ‘Depressão é doença de rico, vai arranjar serviço para sarar essa depressão. Fica aí tomando esses remédios, isso é droga, você vai se viciar’. É difícil conviver com isso. ”, finaliza.
Tratamento
De acordo com o médico, especialista em saúde mental, Kleber Ribeiro, a depressão atinge as diferentes cada pessoa.
“A depressão moderada ou grave muda conforme o grau de incapacidade que a doença causa. Existem critérios para avaliar isso, mas há caso que o paciente já chega com tendências suicidas e planejamento. Isso é considerado um quadro muito grave”, aponta.
Além desse quadro suicida, o paciente pode ter um quadro psicótico.
“Há pacientes que além de ter depressão grave, ainda ouve vozes que geralmente mandam o paciente fazer coisas, associado a alucinações visuais”, complementa.
O tratamento varia de pessoa para pessoa, mas, conforme o médico, grande parte dos tratamentos são tomando remédios antidepressivos.
“Existem várias classes, várias opções de medicamento. O melhor tratamento deve ser realizado por um profissional na área, que vai analisar o quadro clínico do paciente., considerando todo o histórico do paciente”, conta o Kleber.
Dentro do tratamento pode ser necessário algum medicamento complementar.
"Em alguns casos usamos potencializadores, que são antipsicóticos”, conta.
O especialista recomenda. “Todo caso depressivo, deve ter acompanhamento psicoterapêutico, ou seja, por um profissional de psicologia. Doenças psíquicas não são brincadeiras”, finaliza.
Onde buscar ajuda
Em médicos, psicólogos e CAPS, caso tenha no município que a pessoa reside. Há também uma entidade chamada Centro de Valorização da Vida – CVV, que realiza atendimentos por telefone e ajuda em orientações sobre depressão e ansiedade.
O telefone de contato é 141 e o atendimento é gratuito e sigiloso.