Lúcio Bolonha Funaro, operador financeiro do PMDB, afirmou em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) que Michel Temer recebeu propina das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez em uma obra da Hidrelétrica Santo Antônio no Rio Madeira, em Rondônia, no norte do país. Além de Temer, teriam recebido propina os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, ambos presos por condenações em desdobramentos da operação Lava Jato. Funaro não citou os valores da propina recebida pelos três políticos do PMDB.
Cunha contou a Funaro que a propina foi acertada pelos executivos Benedicto Júnior, da Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez. "Os valores foram recebidos por Eduardo Cunha e, posteriormente, foi repartido entre com Henrique Eduardo Alves, Arlindo Chinaglia e para Michel Temer", diz Funaro em depoimento prestado em 24 de agosto de 2017 e anexado à denúncia oferecida por Rodrigo Janot contra Temer por organização criminosa e obstrução de Justiça. Parte do pagamento foi feito em dinheiro e outra parte, em doação de campanha, disse Funaro em seu depoimento.
Em suas delações, os executivos Henrique Valladares, Augusto Roque Dias Fernandes Filho, José de Carvalho Filho e Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o "BJ", todos da Odebrecht, disseram aos investigadores que um grupo de quatro parlamentares recebeu cerca de R$ 50 milhões em propina para ajudar a empreiteira baiana e a Andrade Gutierrez na licitação de Santo Antônio.
Cunha teria embolsado R$ 20 milhões em propina. Os delatores citam ainda o senador Romero Jucá, R$ 10 milhões, e o ex-assessor de Michel Temer, Sandro Mabel (PMDB-GO), que teria amealhado R$ 10 milhões. Todos os repasses, segundo os delatores, teriam sido divididos entre os centros de custo da Odebrecht e da Andrade Gutierrez.