“Farinha pouca, meu pirão primeiro”, dito popular.
Os empregados da CAERD completaram nesta terça-feira (14) oito dias de greve e os motivos da paralisação são dois meses de atraso nos salários, setembro e outubro, situação que se tornou rotineira desde o início de 2017.
E o mais revoltante para os empregados é que foi feita uma divisão da folha em que um grupo tem menos salários atrasados e outro tem mais; sendo que a diretoria, que deveria seguir a regra de que o “comandante é o último a abandonar o navio”; ou seja, deveria dar o exemplo e só receber após todos terem recebido, os diretores estão no grupo mais privilegiado, que só teria um mês de atraso, vê-se que, como no dito popular, “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Transparece em qualquer análise mais criteriosa da situação da CAERD que existe uma implicância e/ou verdadeira perseguição contra os empregados por parte da direção da empresa. Um fato absurdo que demonstraria isso é que mesmo estando com dois meses de salários em atraso a direção da CAERD tem preferido pagar os fornecedores em detrimento dos empregados, sendo que a lei prioriza em qualquer situação o crédito de natureza alimentar.
Essa má vontade da diretoria da CAERD fica mais evidente ainda se analisarmos a arrecadação da empresa, por exemplo, entre os dias 1º e 13 deste mês de novembro em que foram arrecadados aproximadamente R$ 4,2 milhões; sendo que a folha líquida é de R$ 3,5 milhões.
Uma pergunta que o governador Confúcio Moura pode fazer à presidente da CAERD: porque não chamou o sindicato, apresentou uma proposta de pagamento imediato da folha de setembro e buscou negociar a folha de outubro???
Pela postura costumeira dessa atual diretoria se concluí, ainda, que além dessa’ birra’ tipo pessoal com os empregados, haveria ainda uma ação deliberada para depreciar o patrimônio e inviabilizá-la enquanto uma empresa pública viável. Esta postura teria o objetivo, dentre outros inconfessos, de facilitar a privatização da CAERD.
Este quadro mostra a urgência de o governador Confúcio Moura intermediar uma solução que é plenamente possível e viável, dentro das atuais condições financeiras da CAERD, que permita aos empregados retornarem imediatamente aos seus postos de trabalho; pois além do sofrimento de centenas de famílias com esses atrasos injustificados, o prolongamento da paralisação vai fatalmente causar problemas no abastecimento.
Itamar Ferreira é bancário, dirigente sindical do SEEB-RO e CUT-RO, formado em administração de empresas e pós-graduado em metodologia do ensino superior pela UNIR, acadêmico do 10º período de direito da FARO (aprovado no exame da OAB).