22/11/2017
União entre escola, PM e comunidade transforma a vida de crianças e adolescentes de Porto Velho
As atividades são voltadas ao esporte, com aulas de judô, handebol, futsal e taekwondo, atendendo 270 alunos. O projeto funciona de segunda a sexta-feira em horários diferentes por modalidades.
Há cinco anos que o projeto social ‘Sou mais que um vencedor’ do Núcleo de Polícia Comunitária do 1º Batalhão da Polícia Militar atende estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jesus Burlamaqui Hosannah, no bairro Areal da Floresta, em Porto Velho.

As atividades são voltadas ao esporte, com aulas de judô, handebol, futsal e taekwondo, atendendo 270 alunos.

O projeto funciona de segunda a sexta-feira em horários diferentes por modalidades, sendo o judô, nas segundas, quartas e sextas pela manhã e a tarde; taekwondo, na terça e quarta pela manhã; futsal, de segunda a quinta, manhã e tarde; e handebol, segunda e quarta, pela manhã.

O coordenador do projeto, soldado PM Reis, disse que as atividades se concentram na academia de artes marciais, localizada dentro da escola, que foi adquirida graças aos recursos do Tribunal de Justiça, através da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas, que providenciou a compra do tatame e até os uniformes dos atletas.

O professor de educação física José Oliveira, um dos mais graduados em Rondônia, sendo faixa preta, 5º DAN, falou da dedicação e disciplina dos alunos que fazem parte do projeto e da sua satisfação em torna-los campeões.

Desde 2015, as atletas Katlen Silva, 11 anos, do 6º ano C e Silvana Amanda, 14 anos, 7º ano B, que são irmãs, fazem parte do projeto. As duas foram medalhas de ouro no Campeonato Estadual de Judô, realizado em outubro na cidade de Pimenta Bueno.

O interesse pelo esporte aumentou na família e outra irmã veio para o projeto da PM. Cecília Beolfort, de 5 anos de idade, aluna na 1ª série, também já medalhista de ouro na Copa Sesc de Judô realizada este ano e na VI Copa Estadual Kodokan de Judô do Colégio Tiradentes.

Lucivania Alves da Silva, moradora do bairro Floresta, é mãe das três atletas medalhistas. A presença da PM no bairro mudou a vida de muitas crianças. Ela destacou que o projeto não só beneficiou sua família, mas sim toda comunidade.

Referindo-se às suas filhas ela disse que todas mudaram de comportamento, de atitudes, primeiro pela disciplina nas tarefas em sala de aula e nas atividades do projeto, que tem que andar juntas; depois na organização em casa. “As meninas sabem suas responsabilidades, desde arrumar a cama, ajudar nas tarefas de casa até chegarem à escola no horário certo e com uniforme passado e limpo”.

O estudante Derik Paulino, 13 anos, contou que o judô transformou sua vida. Ele começou a praticar o esporte este ano e já ganhou duas medalhas, sendo uma de prata na VI Copa Estadual Kodokan de Judô do Colégio Tiradentes e a outra de bronze no Campeonato Estadual de Judô, em Pimenta Bueno.

Mas nem sempre a vida do Derik foi de vitórias, ele contou que está atrasado na escola por falta de disciplina, está cursando o 4º ano; foi expulso cinco vezes da escola, não respeitava ninguém. “Mas depois do judô eu sou dedicado, faço as pequenas tarefas em casa ajudando a minha avó, não falto mais as aulas e faço todas as tarefas na sala. Estou confiante que vou passar nas provas finais”.

O estudante Elias Machado, 10 anos, faz parte do projeto há cinco anos. Nesse período ele já contabilizou seis medalhas de ouro em diversos campeonatos.  Satisfeito ele exibia as medalhas no pescoço e falou que estava pronto para novas competições e que seria sempre um vencedor.

O comandante Marcos Freire, do 1º Batalhão da PM, destacou a excelência do projeto social que influencia na vida das pessoas. Os atletas são exemplos dentro da própria escola e comunidade. “Nós acreditamos que tudo pode acontecer aqui mesmo na escola, que dela possam sair muitos vencedores, medalhistas”.

As atividades esportivas fazem com que a própria escola seja exemplo pra outras escolas, uma vez que tudo só acontece levando em consideração a vontade do aluno, que incentiva outro no interesse pelo estudo, na prática do esporte. “Um aluno do projeto sua responsabilidade aumenta, ele passa a ser referência na escola”, destacou o comandante.

Uma aluna referência no esporte é Camile Sena, 13 anos, que cursa o 7º ano e joga futsal. Em 2016 ganhou medalha de ouro no 2º campeonato de Futsal de Porto Velho e este ano também no campeonato de futsal, ganhou medalha de prata, sendo vice-campeã.

Ela contou que teve que se esforçar pra conseguir treinar através do projeto. “Foi uma influência boa pra minha vida, tenho disciplina, notas boas, comportamento, tudo melhorou”, enfatizou Camile, acrescentando que sua alegria e satisfação de ser campeã é muito grande. “Todos conseguem basta ter esforço e acreditar para vencer os desafios”.

O projeto Social PM na Escola também contabiliza vitória e superação, como é o caso do atleta de Taekwondo Gilson Miguel Fontenele, 15 anos, aluno da escola Estadual Bela Vista, que foi medalhista nos Jogos Escolares (Joer) 2017.  Ele foi treinado pelo soldado Rodrigues Martinez.

Mas a trajetória do aluno Gilson Miguel nem sempre foi bem sucedida. Na escola, por falta de disciplina e casos de violência, ele foi convidado a se retirar em 2013 e foi estudar na Escola Eduardo Lima e Silva. Nesse período, que ficou apenas no passado, ele foi expulso da nova escola pelos motivos.  Passou 10 vezes pelo Conselho Tutelar e cinco vezes pela Delegacia da Criança e Adolescente.

Em 2016 foi aceito novamente na Escola Bela Vista. Inserido no projeto PM na Escola, começou a treinar taekwondo.

Gilson conta, emocionado, que mudou tanto por causa do projeto que no dia que sua mãe chegou à escola para fazer uma visita ela foi surpreendida com os elogios que a professora fez para ele. “Nesse dia eu chorei muito e minha mãe também”, relata – desta vez com um grande sorriso.





 

Fonte: Marilza Rocha. Foto: Esio Mendes
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