Foto: Arquivo PMPV/Reprodução O combate à malária tem sido um dos destaques da atual gestão administrativa municipal. A afirmação provém do secretário municipal de Saúde (Semusa), Domingos Sávio, ao comentar sobre um prêmio internacional recebido pelo Ministério da Saúde (MS), em Washington, concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde tendo em vista a grande redução de casos de malária na Amazônia brasileira.
Domingos explicou que em 2013, quando a atual gestão assumiu, os registros de casos de malária chegavam a cerca de 15.600 em todo o município, ao final desse mesmo ano os números caíram para algo em torno de 8.500 casos. Em 2014 caiu para uns 5.500 casos e o ano de 2015 fechou com 2.940 casos. “Pela primeira vez na história do município, ficamos reconhecidos como área de baixo risco. Aqui sempre esteve entre médio e alto risco dessa endemia e já chegamos a ter cerca de 60 mil casos num ano”, destacou.
O secretário reconhece que a cooperação de parceiros, como as usinas de Jirau e de Santo Antônio que por meio de compensações sociais disponibilizaram veículos, equipamentos de proteção individual e outros instrumentos, e também a cooperação de Ongs e instituições federais e estaduais, são fatores importantes na obtenção do sucesso, mas aponta como principal elemento a estratégia de trabalho montada nos últimos anos na Semusa. “Apesar das grandes cheias do rio Madeira, os casos se reduziram. Em 2014 tivemos a maior cheia em cem anos e em 2015 a quinta maior. Mas a estratégia de trabalho que montamos voltada à entomologia, a ciência que estuda o mosquito transmissor, é o que mais nos ajudou nessa redução”, afirmou.
A estratégia consiste em levantamentos dos históricos dos doentes, a fim de saber por onde passaram nos últimos vinte ou trinta dias, a fim de se descobrir onde contraíram a malária. Uma equipe de entomologistas é enviada aos locais para realizar buscas ativas de focos em igarapés e igapós ou em região periurbana ou urbana. Ao localizar o foco, procura-se eliminá-lo e iniciar tratamentos precoces para os doentes daquele local. “A malária, assim como a dengue, tem um crescimento muito rápido. Num dia há um caso e noutro já são muitos. Assim vai se espalhando. Por isso, levamos laboratórios e farmácias adequadas para tratar os casos nos locais em que eles aparecem. Assim que constatamos através da microscopia as pessoas que contraíram a doença, iniciamos de imediato os tratamentos com os remédios apropriados. Uma demora de dois dias já poderia apresentar um surto numa determinada área, mas a pessoa medicada deixa logo de ser um transmissor. Assim, é imperativo iniciar rápido o tratamento”, explicou.
Como a Semusa não dispõe de uma grande equipe, empréstimos de equipamentos têm sido feitos para o município de Candeias do Jamari e para Canutama, no Amazonas. Essas áreas não são de cobertura da Semusa, mas os doentes dessas localidades costumam se tratar em Porto Velho, de forma que, preventivamente, a Semusa ajuda a realizar os tratamentos nos locais de origem para que os casos não se alastrem.
A premiação internacional, em Washington, foi em vista da redução em mais de sessenta por cento dos casos de malária na região amazônica. Porto Velho se destacou por ações realizadas em áreas consideradas de difícil acesso. O secretário disse estar ainda esperando uma comunicação oficial do MS por ter sido um município apontado como referência para o recebimento do prêmio. O MS utiliza o Índice de Positividade Anual como critério para estabelecer as áreas de baixa, média e alta incidência de malária. Se os índices de positividade forem de dez e vinte casos para grupos de mil pessoas, o risco é considerado médio, acima de vinte é de alto risco, abaixo de dez é de baixo risco. “Nós sempre estivemos pela casa de vinte, dezoito ou no mínimo catorze casos, mas, nesta gestão, caímos para sete casos por cada mil pessoas. Estamos aguardando um reconhecimento oficial pelos grandes feitos no combate à malária no município de Porto Velho onde, pela primeira vez desde a criação do município, passamos ser reconhecidos como área de baixo índice de malária”, declarou.