Foto: Arquivo/Comdecom/Reprodução A Secretaria Municipal de Projetos Especiais e Defesa Civil (Sempedec) reiniciou na última segunda-feira (15) o processo de demolição das casas que ficam em áreas de risco à margem do rio Madeira. A contar dessa data, pelos próximos noventa dias a Sempedec deverá demolir 500 casas. Ao todo, duas mil quinhentas e cinquenta e quatro casas, em nove bairros, deverão ser demolidas, por enquanto, porém, a Sempedec conta com a autorização da Justiça para efetuar oitocentas e cinquenta demolições.
Até o momento, apenas 32 casas foram demolidas. O secretário da Sempedec, Vicente Bessa, explicou as dificuldades envolvidas na operação. “Cada casa, efetivamente, vai para demolição depois que as famílias que nelas habitavam recebem moradias do Programa Minha Casa Minha Vida. Contudo, por causa da dinâmica da fila de entregas, algumas famílias do Triangulo recebem imóveis, outras do Bairro Nacional, outras de outro bairro, quer dizer, não há entregas concentradas por áreas que devam ser desocupadas e isso implica que o processo de demolição sofra atrasos”, disse o secretário.
As demolições demandam serviços de muitas pessoas, além das equipes da Sempedec que fiscalizam toda a operação. São necessários policiais, pois muitas casas foram ocupadas por meliantes e traficantes de entorpecentes, é preciso contar com máquinas e caminhões, trabalhadores braçais e com eletricistas, que avaliam as condições da rede de eletricidade e cortam as fiações. “Trata-se de toda uma logística pesada a ser montada e precisamos realizar um trabalho concentrado. Mas, durante os dias estipulados para a retomada da operação, estamos preparados para a demolição das quinhentas casas e esperamos bater essa meta”, destacou Bessa.
As demolições deverão ajudar a Defesa Civil Municipal a manter sob controle os problemas referentes às alagações das margens do rio Madeira neste ano. As previsões sobre o comportamento do clima e do rio estão mais difíceis, em decorrência do fenômeno El niño. Segundo Bessa, as chuvas em Porto Velho até não estão com grande intensidade, mas as regiões da Bolívia e do Peru, em que se formam as cabeceiras do rio Madeira, estão recebendo muitas precipitações e isso faz com que o rio suba rapidamente. “Estamos com treze metros nos últimos dias, em média, mas quando chegar a quatorze metros, a Prefeitura deverá lançar o decreto de alerta. Acima de quinze metros as pessoas deverão ser retiradas das áreas de risco. Para isso, será uma vantagem já termos avançado com a demolição de muitas casas”, explicou.
O secretário informou que a Bacia do Guaporé está subindo, como também a do Mamoré, incluindo aí os rios Beni e Madre de Dios, da Bolívia e do Peru. A Usina de Jirau já atingiu o nível máximo de seu reservatório, que é a cota 90, e em alguns pontos, a Br-364 está à cerca de 45 centímetros para alagar. “A Jirau já começou a controlar o nível do lago. Todo o excesso de água deverá ser liberado pelos vertedouros. Essa água vem em direção à cidade, porque quando as chuvas começam se inicia a saturação de água no solo, a floresta absorve uma parte e os reservatórios das usinas seguram uma grande porca das águas, por isso é que as chuvas não alagam prontamente as margens, mas passado um tempo, depois de saturado o solo e cheias as reservas das usinas, toda a água que entra, começa a elevar o nível do rio porque o solo não absorve mais e os lagos das usinas já estão cheios”, esclareceu.
A Sempedec vem trabalhando de maneira preventiva. Quatro bases da Defesa Civil Municipal foram montadas na área urbana, em Abunã, em São Carlos e em Nazaré. Para Nazaré, que começa logo a sofrer com a elevação do rio, a Sempedec já está preventivamente encaminhando colchões, água e alimentos. “Caso o rio atinja quinze metros, as famílias ribeirinhas já começam a ser atendidas. Já temos lá cerca de cem barracas e estamos agora municiando totalmente aquela base. Temos hoje bastante experiência e estamos mais bem preparados para dirimir os problemas”, finalizou o secretário.