As notícias falsas tornaram-se uma epidemia mundial, um vírus da maior periculosidade, pois podem provocar males que vão desde pequemos tremores até distorções graves, como influenciar o resultado de uma eleição.
Até o papa Francisco comentou sobre o assunto do momento: noticias falsas ou fake news. O papa condenou na última quarta-feira (24 de janeiro) o “mal” provocado pelas notícias falsas, dizendo que jornalistas e usuários de redes sociais devem rejeitas e desmascarar “táticas de serpentes” manipuladoras.
A declaração foi emitida após meses de debate sobre o quanto notícias falsas podem ter influenciado a campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016 e a eleição de Donald Trump. Há duas semanas, o assunto também foi destaque na revista VEJA, que trouxe uma matéria bastante interessante sobre o assunto.
As notícias falsas tornaram-se uma epidemia mundial, um vírus da maior periculosidade, pois podem provocar males que vão desde pequemos tremores até distorções graves, como influenciar o resultado de uma eleição. O fenômeno ganhou tal dimensão que até os gigantes Google e Facebook começaram a se preocupar com o assunto, buscando meios para evitar que suas redes sejam retransmissoras das chamadas “fakes News”.
A imprensa séria, alicerçada por um jornalismo profissional e de métodos de apuração e checagem, foi a primeira a chamar a atenção para o problema, iniciando uma batalha contra as notícias falsas. O contexto levou os jornais a lançarem uma campanha internacional em defesa da informação segura e comprovada.
Na cidade, são diversos os boatos. A boa notícia é que as empresas jornalísticas de credibilidade, cujas marcas são uma espécie de selo de qualidade, tornaram-se certificadoras de notícias, e são cada vez mais buscadas pelos leitores, como mostram vários estudos. Ao mesmo tempo, os jornais impressos aparecem nas pesquisas como detentores das maiores taxas de credibilidade, em comparação com outras mídias. Por isso, é importante que o leitor ou o internauta veja a procedência das informações antes de compartilhar em rede social ou em grupos de WhatsApp. Notícias falsas podem alarmar um bairro ou uma cidade.
De forma pioneira, a Alemanha apresentou uma possível solução para o problema das fake news. No dia 1º de janeiro, entrou em vigor uma lei que obriga as redes sociais a removerem conteúdos impróprios, como discurso de ódio e notícias falsas, de suas plataformas em até 24 horas após terem sido legalmente notificadas. As empresas que não cumprirem as novas normas poderão ser multadas em até 50 milhões de euros.
No Brasil, há o Projeto de Lei nº 6.812/2017 que prevê detenção de dois a oito meses, além do pagamento de multa para quem divulgar ou compartilhar notícia falsa. No momento, o projeto está em análise na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara.
Se ainda falta por aqui mais rigor, ao menos cresce a consciência a respeito do tema. Pesquisa do jornal Valor Econômico detectou entre os eleitores brasileiros de diferentes preferências partidárias uma preocupação com a proliferação de notícias falsas e o receio de eles próprios compartilharem informações inverídicas. Ao mesmo tempo, diversos participantes da pesquisa reconheceram que já compartilharam notícias falsas pelo menos uma vez. Por isso, pode ser útil aprender com a Alemanha, pois uma boa multa é, muitas vezes, um estímulo eficaz para que se adote a conduta correta.