15/03/2018
Detentas dizem que estão sendo atacadas por ratazanas em presídio feminino de Rondônia
Preferindo não se identificar, uma das presas conta que todas as noites ela acorda com as ratazanas andando por cima dela e, às vezes, até sendo mordida pelos animais. A Justiça determinou a interdição do presídio no fim da tarde desta quarta-feira.
O presídio feminino de Porto Velho foi invadido por centenas de ratazanas. Segundo detentas que cumprem pena na unidade prisional, a situação é tão grave que elas estão sendo atacadas e até mordidas pelos roedores. Para denunciar o problema, um agente penitenciário gravou um vídeo mostrando os animais entrando no pátio do presídio e circulando tranquilamente pelas celas.

Preferindo não se identificar, uma das presas conta que todas as noites ela acorda com as ratazanas andando por cima dela e, às vezes, até sendo mordida pelos animais.

"A gente não consegue matar as ratazanas. A gente convive com xixi de rato. A nossa situação é precária", diz.

A detenta diz que não sabe o que fazer para resolver o problema. "Nós tapamos com pano e botamos quadro aqui, garrafa. Mas não tava tendo jeito não. Eles entravam mesmo assim", afirma.

Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários e Socioeducadores do Estado de Rondônia (Singeperon), a infestação de roedores na unidade não é recente e o vídeo foi gravado para denunciar a situação das presas.

Segundo o diretor do Singeperon, Ronaldo Rocha, a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) já foi avisada sobre a circulação de ratos pelo pátio e celas, mas nenhuma medida foi adotada.

"As servidoras não aguentam mais trabalhar ali. O negócio é preocupante não só para servidoras, mas como as apenadas. É um caso desumano. Os ratos passam por cima de coturnos e as apenadas já foram mordidas", conta.

Nesta quarta-feira (14), a direção do Singeperon juntou os vídeos e os depoimentos das apenadas para enviar ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO), Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), Defensoria Pública e o Conselho Estadual de Direitos Humanos.

Ainda conforme revelou o sindicato, o presídio feminino só tem capacidade para receber 79 pessoas, mas atualmente comporta cerca de 130 presas.

"Nós sabemos que a gente tá privado de liberdade porque nós cometemos erros. A gente tem que pagar, mas nós somos seres humanos. Na situação que a gente tá vivendo, nenhum animal merece", afirma a presa.

Interdição

Após a denúncia feita pelo Singeperon, a Justiça de Rondônia determinou a interdição do presídio no fim da tarde desta quarta-feira e que o estado retire as mulheres do presídio em um prazo de 48 horas. A decisão saiu após promotores e outras autoridades se reunirem na capital.

Em nota, a Sejus diz que vai transferir as presas para um presídio novo que já está pronto, mas que ainda não foi inaugurado. O órgão que cuida dos presídios do estado também ressaltou que a infestação de ratos está ocorrendo, pois o presídio feminino funciona em um prédio antigo.





 

Fonte: Maríndia Moura e Marcelo Winter - Rede Amazônica
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