18/04/2018
Agevisa alerta para a possibilidade de leptospirose com o fim do inverno e a baixa das águas em áreas alagadiças em Rondônia
Nos últimos cinco anos, foram confirmados 314 casos em pacientes com residência em Rondônia, sendo registradas 11 mortes do total. Quem já pegou a leptospirose uma vez pode ser infectado novamente.
Com a baixa das águas em áreas alagadas durante o período de inverno amazônico, aumenta o risco de incidência de leptospirose, a doença infecciosa transmitida pela urina de roedores, como o rato de telhado, a ratazana, e a catita. A Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) alerta para os cuidados que os rondonienses devem ter para evitar a doença, que no estado tem registro de casos durante todo o ano.

“A ratazana ou rato de esgoto é o que mais transmite essa doença, e o contato com a urina é meio de contágio. É muito comum que eles façam suas tocas em terrenos com acúmulo de lixo e entulhos, e em bueiros. Se essas águas transbordam, trazem a urina e as fezes dos ratos com elas. E aí, o maior problema é quando a água está baixando, deixando para trás todas as bactérias (leptospiras) no local”, explica a coordenadora estadual de Vigilância e Controle da Leptospirose e Pragas, Luzimar Amorim.

Segundo a coordenadora, a retirada de lixo, a limpeza dos terrenos e casas afetados por alagação, ou mesmo a higienização de lugares com infestação de roedores, devem ser feitas com proteção. “No caso dos ribeirinhos, e o problema com alagações constantes, a atenção deve ser redobrada, principalmente porque eles fazem o retorno para as residências após o período de enchente. Na falta de luvas e botas, podem ser usadas duas sacolas plásticas em cada mão e pé. O quintal deve ser raspado, nunca com contato direto com a lama. E a casa, é preciso ser desinfetada”, acrescenta Luzimar.

Para cada balde com 20 litros de água, é recomendado 200 ml de água sanitária. “É só fazer a mistura e espalhar no ambiente, deixando agir por 20 minutos, e lavando o local após o tempo de ação do produto, sempre usando o equipamento de proteção das mãos e pés. É importante também o cuidado com alimentos mal embalados. Se o alimento ficou exposto ou o roedor roeu o pacote, geralmente ele deixa fezes e urina, então a preferência é que seja descartado. Caixas d’água sem tampa também devem ser limpas. Esvazie a caixa, esfregue bem com uma escova ou esponja, e depois dessa limpeza, para cada mil litros do reservatório, espalhe um litro de água sanitária e deixe agir por 30 minutos. Encha a caixa e após 1h30 abra as torneiras, para que essa mesma água passe pela canalização e faça a desinfecção dos canos. Essa mesma água pode ser utilizada para a limpeza da casa”, esclarece a profissional.

Nas áreas rurais, a coordenadora alerta para o acondicionamento dos alimentos no paiol. “Geralmente são lugares cheios de frestas ou com abertura entre o telhado e as paredes, o que dá acesso ideal para os roedores. E lá, tanto pode ter o roedor urbano, que já foi deslocado dentro de malas e caixas de alimentos, quanto os roedores silvestres, que são ainda piores por terem a possibilidade de transmissão de outras doenças”.
Dados

Nos últimos cinco anos, foram confirmados 314 casos em pacientes com residência em Rondônia, sendo registradas 11 mortes do total. As suspeitas seguem a ordem: 2014 = 861; 2015 = 429; 2016 = 733; 2017 = 364; 2018 = 141. Os municípios com maiores registros de confirmação desde 2014 até esta semana, foram Porto Velho (92 casos), Ouro Preto (90 casos), Machadinho D’Oeste (45 casos), Cacoal (15 casos), e Candeias do Jamari e Ariquemes empatados (13 casos).

Luzimar Amorim diz que os números são baixos. “Se for observado que em 2014 as suspeitas foram maiores, entendemos que houve mais sensibilidade dos médicos para a possibilidade da doença, em função da enchente que aconteceu naquele ano. Nós, da Agevisa, esperamos que aumente a sensibilidade dos médicos para a suspensão clínica, e que os munícipios implantem o diagnóstico diferencial de doenças febris agudas. A evolução da doença só evolui para casos mais graves de 10 a 15% dos casos. Os de sintomatologia leve acabam passando despercebidos, ou confundidos com virose ou dengue, o que depois de 30 dias o paciente não sente mais nada e se recupera automaticamente”.

Para a coordenadora, os números seriam muito mais expressivos com o diagnóstico diferencial, e se os pacientes com os sintomas iniciais procurassem sempre uma unidade de saúde. Observar que os casos evoluem para a forma mais grave com a dor nas panturrilhas, risquinhos vermelhos nos olhos, icterícia (presença de cor amarela ou alaranjada) de pele e mucosas (principalmente nos olhos), além da febre, dor no corpo e dor de cabeça, que são os primeiros sintomas.

“Muitas vezes o próprio paciente não procura a unidade de saúde por achar que está com uma virose. Alguns só procuram quando evolui. E não é porque o indivíduo já pegou a leptospirose uma vez que ele não possa ser infectado novamente. São 22 tipos da bactéria, ou seja, ainda tem 21 possibilidades, por isso é importante termos esses registros e o trabalho dos municípios na hora de identificar os casos”, conclui Luzimar.





 

Fonte: Vanessa Farias. Foto: Jota Gomes.
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