Jovem de 17 anos é aprovado em 7 universidades nos EUA e 2 no Brasil
Filho de professores, os pais contam que ele abriu mão de várias atividades normais para um jovem da idade dele e que foi preciso fazer sacrifícios para investir na carreira de Caio, entre eles, colocar a própria casa da família à venda.
O amapaense Caio Augusto Azevedo de Souza, de 17 anos, pode ser considerado um jovem acima da média. O estudante foi aprovado em nove universidades: duas públicas no Brasil e sete nos Estados Unidos. Ele optou pela americana Rochester, onde já está matriculado e, a partir de setembro, vai cursar ciências econômicas.
Filho de professores, os pais contam que ele abriu mão de várias atividades normais para um jovem da idade dele e que foi preciso fazer sacrifícios para investir na carreira de Caio, entre eles, colocar a própria casa da família à venda.
“Caio começou a ler aos 4 anos. Escreveu um livro aos 9 e já lia jornais em inglês, língua que aprendeu sozinho. Sabíamos que ele ia vencer, mas não sabíamos, a princípio, como realizar isso porque o custo é alto. Começamos a poupar, a regrar e até colocamos nossa casa à venda. Só tínhamos uma certeza: não íamos desistir dele”, contou o pai, Charles Jhone.
A universidade em que Caio optou estudar está localizada no centro econômico de Nova York. O estudante conta que soube o que queria para a vida desde os 7 anos e, a partir daí, a família toda passou a viver o projeto dele.
“Nunca dissemos não. Só não sabíamos como ia ser. Trabalhamos com muita franqueza em casa. Sempre deixando claro que existiam o plano A e o B. Por isso ele fez o Enem, caso não desse certo. E Deus abençoou grandemente”, lembrou a mãe, Ameliane Azevedo.
Caio fez prova para 8 universidades americanas e recebeu resposta positiva de 7 delas. Mas ele também manteve o “plano B”, caso a fator financeiro não o permitisse viajar. O estudante fez provas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) no Brasil. Foram duas aprovações, na Universidade Federal do Amapá (Unifap) e na Federal Rural do Rio de Janeiro.
Foco
Foi no quarto dele, na casa que fica bairro Goiabal, Zona Oeste de Macapá, que o adolescente passou os últimos dois anos estudando, fazendo simulados e pesquisando. Para sair de casa, os pais tinham que provocá-lo. Mas Caio explica que o momento era necessário.
“Nos Estados Unidos o processo é completamente holístico. Eles pedem tudo, querem saber nossas notas na escola, envolvimento com extracurriculares, com os professores, projetos de pesquisa, tem que ter carta de recomendação dos professores. A avaliação vai além de notas”, contou.
A razão de toda essa exigência é que, segundo Caio, as universidades dos EUA não querem um estudante internacional parecido com os nativos. A busca é por pessoas que pensem diferente, que tenham propostas diferentes e que apresentem projetos para serem aplicadas no país de origem.
“Por exemplo, eles não querem um projeto da energia sustentável para ser aplicado nos EUA. Eles querem um que se aplique na Amazônia, na mata atlântica, nos biomas brasileiros. Nosso contexto amazônico foi decisivo para a minha aceitação na maioria das universidades. Foram muitas redações contando sobre a minha realidade no contexto da Amazônia”, explicou.
Não desistir
O adolescente fala inglês fluentemente e teve que fazer diversas provas em universidades em Belém e São Paulo, credenciadas para aplicar os testes. Mas conciliar a rotina de estudos do 3º ano para os vestibulares, com as diferenças culturais para as provas americanas, o fez questionar algumas vezes se era mesmo um sonho possível.
“De verdade, eu pensei que não ia conseguir. É preciso ter muito foco, mas nunca foi só sobre estudar, é preciso saber tudo sobre o processo. Foram várias reuniões em casa só para escolher as universidades para quais queria concorrer. A burocracia e as exigências são enormes, mas agora estou mais confiante”, revelou.
Futuro
Caio parte em setembro para Nova York, e os pais vão junto para conhecer o lugar e deixar o filho instalado. Em Rochester, ele recebeu a oferta de uma bolsa com desconto no valor de 40 mil dólares anualmente, durante os quatro anos do curso.
O restante, 30 mil dólares, a família vai cobrir. Este valor inclui, além do pagamento da mensalidade, moradia, alimentação completa e seguro saúde. O pacote é fechado com a universidade.
“Já tenho uma opção de trabalhar meio período na própria universidade, em algum espaço acadêmico. Tenho certeza que, após 4 anos, minhas oportunidades de emprego serão bem maiores do que eu teria aqui [no Brasil]. Minha intenção é ser aceito em um emprego bom, seja lá ou aqui, e continuar estudando e crescendo, sempre”, projeta o adolescente.