A diretoria da A Companhia de Águas e Esgotos do Estado de Rondônia (Caerd) exonerada na última quinta-feira (10) causou um verdadeiro desastre, meticulosamente planejado, com a intenção deliberada de sucatear e falir a empresa, preparando-a para privatização ou mesmo a simples liquidação.
Só isso poderia explicar a falta de investimentos, a quebra de asfalto sem reparar os buracos, a falta de água, sob a alegação falaciosa de falta de recursos. Ora, como uma empresa sem recursos contrata excessivo número de comissionados de altos salários? Aluga carros luxuosos para os altos escalões da empresa? Faz gastos elevados com diárias? Cria onerosos “grupos de trabalho”?
Uma marca vergonhosa na gestão do ex-governador Confúcio foram os constantes atrasos de salários na Caerd, o único segmento do Estado em que aconteceu tal calamidade. Mas essa era mais uma estratégia perversa e maquiavélica da antiga diretoria: funcionários sem salários seriam obrigados a fazer greve, isso prejudicaria o serviço prestado e a população ficaria, com razão, contra a empresa e passaria a apoiar a privatização ou liquidação.
Depois de quatro anos de trevas na gestão da Caerd, uma luz surge no fim do túnel, ainda que tênue diante do descalabro praticado nos últimos anos: o governador Daniel Pereira (PSB) nomeou uma nova diretoria, toda constituída de técnicos, empregados da própria Caerd.
A nova diretoria e os empregados da Caerd terão uma dificílima, mas não impossível, missão de em sete meses e alguns dias, resgatar a credibilidade da empresa junto a opinião pública, combatendo a falta de água, reparando buracos em asfaltos, atualizando salários e encargos e, principalmente, mostrar à sociedade e aos políticos que a Caerd é viável e a melhor alternativa de água e saneamento pra população.
O encerramento memorável da greve na manhã de sexta-feira (11), com os funcionários voltando na mesma hora ao trabalho, gritando para que os portões fossem aberto porque queriam retornar ao trabalho imediatamente, cria um cenário animador.
Por outro lado, a nova diretoria apresentou um planejamento de redução drástica e imediata de despesas, que deve resultar numa economia mensal de aproximadamente R$ 1.200.000,00. Haverá exoneração de cargos comissionados, extinção de grupos de trabalho, limitação drástica de diárias, não pagamento de horas extras com a criação de uma banco de horas, dentre outras.
Também, vai atuar conjuntamente com o sindicato para suspender os bloqueios judiciais das contas da Caerd, possibilitando à nova diretoria uma gestão plena, de forma a implementar as medidas anunciadas. Outro objetivo é estabelecer metas para o aumento do faturamento com medidas como cadastramento e recadastramento.
Além disso, medidas saneadoras de médio prazo serão implementados, como: apoio jurídico à transposição de 131 empregados aos quadros da União, incentivo à demissão de empregados já aposentados, elaboração de um Plano de Demissão Incentivada (PDV), estudo para transposição ao quadro estadual de servidores, dentre outras ações.
A esperança é a de que em pouco mais de sete meses a nova diretoria e os empregados consigam resgatar a credibilidade da Caerd, que nos últimos quatro anos foi sabotada internamente pela própria diretoria – como no filme “dormindo com o inimigo” – e demonstrar a viabilidade da empresa pública de água e saneamento de Rondônia.
*Itamar Ferreira é bancário, dirigente sindical, formado em administração de empresas,ado e pós-graduando em direito e processo do trabalho.