As indefinições no cenário eleitoral predominam às vésperas das convenções partidárias que irão definir as candidaturas majoritárias para governo e senado, além das proporcionais. Aparentemente há apenas uma candidatura já consolidada, que seria a do ex-senador Expedito Junior, que contaria com o apoio, principalmente, do DEM e PSD.
O senador Acir Gurgacz persiste em seu projeto de candidatura ao governo, no conforto de estar no meio do mandato de senador. Todavia sua missão é inglória: concorrer “sangrando” com questionamento constante sobre sua inelegibilidade ou não, por condenação judicial em segunda instância, situação que no passado minou por duas vezes o ex-senador Expedito Junior.
Embora Acir tenha mais quatro anos no Senado, uma disputa em meio a um mandato, seja de vereador ou de senador, nestas eleições, só se justifica com dois objetivos: real chance de se eleger ou um desempenho eleitoral razoável que vitamine disputar a reeleição do atual mandato que ocupa. Um desempenho muito ruim nas urnas em outubro próximo certamente afetará negativamente as possibilidades de reeleição futura.
O único fenômeno conhecido na política brasileira, em que esta condição de inelegibilidade não afeta o desempenho na votação é Lula, que todas pesquisas apontam crescimento constante nas intenções de votos desde que foi preso há mais de 100 dias, a ponto de se considerar uma possível vitória já em primeiro turno, se não for impedido pela toga de disputar.
Neste cenário Acir tem muitas dificuldades de angariar apoio, a exceção do compromisso pretérito com o PSB. Para Acir conseguir apoio no campo da esquerda as dificuldades são imensas, não só pelo fato dos questionamentos sobre inelegibilidade, mas principalmente por ter votado contra os trabalhadores em projetos importantes, como a Reforma Trabalhista, e ter apoiado a deposição de Dilma que colocou Temer no poder.
Estas são as dificuldades de Acir, embora ele possa vir receber o apoio do arquirrival, o também senador Ivo Cassol, que estaria disposto a quase tudo para não facilitar as coisas para Expedito Junior, com quem não chegou a um acordo, mesmo após longas tratativas.
Neste cenário o nome do atual governador Daniel Pereira poderia surgir como uma terceira via, capaz de mudar radicalmente o atual quadro eleitoral, pois tem possibilidade concreta de criar um amplo “frentão”, que poderia ter o apoio de Acir, de partidos da esquerda e possivelmente do senador Ivo Cassol, o que tornaria a candidatura de Daniel a principal ameaça aos projetos de Expedito.
No campo da esquerda estão sendo debatidos também os nomes do advogado Jackson Chediak no PC do B e do jornalista Paulo Benito no PT.
Claro que há também a candidatura do deputado Maurão de Carvalho, mas nesta além de não haver muitas esperanças de conseguir alianças de peso, como de Cassol ou de partidos da esquerda, as disputas internas estão à beira de uma “carnificina”, com a cúpula do PMDB e o senador Valdir Raupp dispostos a rifarem a candidatura de Confúcio Moura ao Senado.
O número de descontes resultante dessa disputa fratricida dentro do PMDB será enorme e esse contingente possivelmente não entrará nas campanhas de Maurão e Raupp, além da concreta possibilidade de debandada de apoios para outras candidaturas, especialmente para Daniel Pereira, se este estiver na disputa.
Tudo é possível. Que venham as convenções, algumas das quais seria prudente um bom reforço na segurança.
*Itamar Ferreira, bancário, sindicalista, formado em administração de empresas, pós-graduado em metodologia e advogado.