Como já disse o poeta e pensador Nelson Sganzerla "O muro foi feito para os gatos andarem em cima dele", eu acrescentaria para uma certa ave muito conhecida da política nacional pousar sobre ele também.
Que situação acabrunhadora, para um militante de esquerda e sindicalista, este segundo turno de Rondônia. De um lado o histórico e arqui-adversário PSDB, também conhecido como tucano, que nasceu sob os auspícios da social democracia mais muito cedo guindou para o lado neoliberal se tornando porta-voz corrente da direita e dos poderosos do Brasil.
De outro, surge o assustador Bolsonaro, com sua pregação de intolerância, incitação ao ódio e à violência; sendo ainda, confesso e condenado várias vezes na justiça, machista, racista e homofóbico. Esse indigitado candidato coleciona declarações polêmicas como a defesa da ditadura, da tortura, do ‘bandido bom é bandido morto’ (isso sem prévio processo legal e julgamento), distribuir armas pra população...
Realmente é tentador ir fazer companhia ao gato, aquele que está em cima do muro, até porque lá está vago neste momento, no cenário estadual, o lugar preferido do tucano. Todavia, ganhe quem ganhar nenhum Rondoniense poderá fugir das consequências de sua decisão ou não decisão. Seremos governados por um deles: o tucano Expedito Junior ou o representante do Bolsonaro, Coronel Marcos.
No segundo turno, quem não tem nele o seu candidato do primeiro, é preciso fazer uma escolha pragmática (alguns diria escolher o menos ruim – dentro de sua concepção política, claro). Porque votar no coronel ou no tucano. Vou levar em consideração os seguintes pontos:
1) capacidade de diálogo – quem teria mais habilidade política para lidar com greves de servidores, manifestações de movimentos sociais, fechamentos de BR...?
2) educação – quem poderia priorizar investimentos no ensino público presencial, e não a distância, descartando a militarização das escolas em larga escala, até porque já falta policiais nas ruas?
3) meio ambiente – qual dos dois seria mais receptivo à pressão social para preservação do meio ambiente?
4) pressão da sociedade – todo governante está sujeito a críticas e cobranças por parte da sociedade. Quem teria mais habilidade para lidar com essas pressões sem patrocinar perseguições ou chamar a polícia pra reprimir? e
5) minorias – qual dos dois teria mais capacidade de ouvir e promover políticas públicas para proteger as minorias e os segmentos sociais mais discriminados?
Considerando que o meu partido não definiu oficialmente nenhuma orientação, no muro eu não ficarei e, com todas as ressalvas, discordâncias e críticas (especialmente a dele declarar apoio a Bolsonaro), VOTAREI 45 EXPEDITO JUNIOR para governador de Rondônia, por entender que ele reúne melhores condições para lidar com os cinco questionamentos acima.
Desde já anuncio que estarei nas trincheiras da oposição, contra aquilo que entender contrário aos interesses da sociedade, vença quem vencer.
*Itamar Ferreira é bancário, sindicalista, formado em administração de empresas e pós-graduado em metodologia do ensino e advogado.