Sete cafés de RO concorrem ao título de melhor do Brasil durante Semana Internacional do Café, em MG
O evento também é um oportunidade para que o Estado construa ações para que o café robusta, que é considerado de segunda linha no mercado internacional, passe a ser visto como um produto de qualidade.
Mudança global através da ação local. Esse foi o tema da palestra apresentada pelo governador de Rondônia, Daniel Pereira, nesta quinta-feira (8) durante a Semana Internacional do Café aberta ontem em Minais Gerais (MG) com foco na sustentabilidade da produção brasileira e campeonatos mundiais de café e que encerra amanhã. O assunto é pertinente ao que acontece no estado onde a cafeicultura avança com o uso da sustentabilidade associada as pesquisas e inovações tecnológicas, praticadas, inclusive, dentro de aldeias indígenas.
Esforço local que começa a ser reconhecido nacionalmente. Dos cafés selecionados para concorrer ao título de melhor café do Brasil, sete são de Rondônia e dois deles de comunidades indígenas: Aruá e Tupari. ‘‘Essa Semana Internacional do Café reúne tudo aquilo que é de interesse do café no mundo, então aqui estão os produtores, as pessoas que industrializam e as que fazem divulgação das diversas políticas de produção de café no planeta e desde o ano passado o estado de Rondônia se deu muito bem nesse ambiente. Dos quatro principais prêmios, Rondônia ganhou três. Foi o grande vencedor do ano passado’’, aponta o governador.
Durante a palestra, o governador destacou o salto de produtividade que Rondônia conquistou os últimos anos. ‘‘Em 2001 o estado de Rondônia ocupava para plantar café 250 mil hectares com produção de 2 milhões de sacas e agora 17 anos depois nós ocupamos 74 mil hectares, menos de um terço do que ocupávamos, e estamos produzindo as mesmas 2 milhões de sacas. Aumentamos a produtividade de oito sacas por hectare para 30 sacas por hectare. Isso é fruto do trabalho da Emater [Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia] juntamente com trabalho de pesquisa da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]’’, afirma.
O evento também é um oportunidade para que o Estado construa ações para que o café robusta, que é considerado de segunda linha no mercado internacional, passe a ser visto como um produto de qualidade. ‘Estamos felizes de estar aqui dando o ponta pé inicial para o estado ter a primeira indicação geográfica sustentável do mundo do café robusta e isso só é possível através do trabalho desenvolvido pela Emater, pela Embrapa, com a divulgação do Sebrae, do governo do Estado de Rondônia e do Ministério da Agricultura. Uma parceria bastante intensa para que Rondônia não seja apenas um grande produtor de café, mas um produtor de café de qualidade. Esperamos com isso valorizar e promover todos os amazônidas, mas especialmente as nossas populações tradicionais, as nossas populações indígenas’’, disse o governador.
CAFÉ DE QUALIDADE NAS ALDEIAS
Governador de um estado amazônico, Daniel destacou a preocupação de que o desenvolvimento caminhe junto com a sustentabilidade e que é necessário apoio a iniciativas locais para elas gerem impactos positivos de alcance mundial.
‘‘Eu quero aproveitar esse evento nacional de repercussão internacional para mencionar uma questão que reputo de extrema importância. Nós passamos por mudanças climáticas que estão afetando o mundo todo e chama atenção para a preservação da Amazônia. Temos em Rondônia a consciência da necessidade de preservar a Amazônia, mas é necessário que o mundo tenha um olhar diferente para nós porque há estudos que apontam que o desmatamento desordenado na Amazônia afeta todo o sistema América do Sul, tirando inclusive a possibilidade de chuva para produzir o bom café de Minas, por exemplo e em contrapartida a tudo isso temos aqui essas comunidades indígenas que estão dando o melhor de si para produzirem os melhores cafés’’, afirma o governador.
‘‘Vamos levá-los [cafeicultores indígenas] para alguns países que tenham apelo de preocupação ambiental, e eles estão corretos em fazer o certo, mas nós vamos dizer para a Alemanha, por exemplo, que, se eles querem nos ajudar a preservar a Amazônia, visitem o estado de Rondônia, procurem essas comunidades indígenas e nós ajude a incentivar isso. Estamos com três etnias hoje aqui, mas podemos trazer dez, 20 no ano que vem. Então é esse modelo que nós queremos, um modelo que todo mundo possa se beneficiar’’, reforça.
No Estado, um das formas de incentivar a cafeicultora é a realização do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia (Concafé). ‘‘Nós fizemos esse ano o terceiro concurso de café e dentre mais de mil produtores, nós selecionamos 20 e desses há três de etnias indígenas: Suruí, Tupari e Aruá’’, disse o governador que anunciou que irá entregar as comunidades indígenas nos próximos dias cinco processadores de cafés. ‘‘Uma iniciativa para que nossos indígenas possam tirar da natureza o seu sustento e possam viver com dignidade’’, considera.
Daniel também pontuou outras frentes de produção agrícola que Rondônia tem avançado. ‘‘O estado de Rondônia, além de café, de ser o maior produtor de peixe em cativeiro e da castanha, também é um grande produtor de soja, o oitavo maior produtor de leite, sendo o primeiro da região Norte, avançamos também na produção do milho, arroz e algodão’ e nós, diferente de Minas, temos acesso ao oceano. Deus nos legou um braço dele que é o rio Amazonas e outro braço dele que é o rio Madeira, que permite através de Porto Velho, onde há o único Porto Público alfandegado do Norte do Brasil, que nossos produtos cheguem a todo canto do planeta’’, conta.
‘‘Queremos convidar todos os mineiros , a todos os brasileiros e todos os cidadãos do mundo para que façam uma visita ao Norte do país e conheçam o estado de Rondônia’’, disse o governador.