O noticiário político foi tingido de azul e rosa e salpicado com palavras e termos até então estranhos ao vocabulário brasileiro – “marxismo cultural”, “oikophobia” e “ideologia de gênero”, essa já conhecida desde a campanha eleitoral. A enxurrada simbólica fez parte da blietzkrieg do presidente Jair Bolsonaro em seus primeiros dias de poder, na qual editou medida provisória suprimindo menções à população LGBTTs na pasta de Direitos Humanos além de fragilizar a situação de índios e quilombolas e abolir o Ministério da Cultura e o do Trabalho. No âmbito das cores ficou evidente o repúdio ao vermelho, associado ao PT e ao "socialismo" que dizem ter se instalado no país. A cromofobia do capitão foi do já clássico bordão “nossa bandeira jamais será vermelha”, dito na posse, à troca de cadeiras do Palácio do Alvorada por equivalentes azuis. A ministra da pasta Mulher, Família e Direitos Humanos reforçou a mensagem, estabelecendo uma paleta de cores apropriada para cada sexo: “menino veste azul, menina veste rosa”. O que está por trás dessa estratégia e quais as consequências dela, inclusive para a oposição?