Três besouros foram confirmados infectados com doença de Chagas em Rondônia
A pesquisa realizada junto aos besouros colabora com ações de Saúde realizadas visando o controle da doença nos municípios. Os registros contam diretamente com o apoio da comunidade.
Em Rondônia foram confirmados três casos de besouros infectados com doença de Chagas no ano de 2018, que passou a ser o período com maior índice de confirmação da doença em vetores nos últimos cinco anos, de acordo com dados do Laboratório Central de Saúde Pública de Rondônia (Lacen).
A pesquisa realizada junto aos besouros colabora com ações de Saúde realizadas visando o controle da doença nos municípios. Os registros contam diretamente com o apoio da comunidade, segundo Aline Linhares, gerente técnica do Lacen. “O aumento nos registros não significa que há maior incidência da doença nas localidades e, sim, que os vetores estão sendo trazidos para serem analisados”, explica Aline. Os casos positivos em 2018 foram nos município de Jaru, Cacoal e Cujubim.
Camila Azzi, chefe do Núcleo de Biologia do Lacen explica que em 2018 foram enviados cerca de 50 besouros barbeiros para serem analisados no Lacen. A quantidade maior é procedente de Porto Velho, principalmente captados por moradores de condomínios localizados próximos à vegetação. “Na Capital, a população traz as amostras direto para o Lacen. No interior, os moradores ou profissionais que atuam na área da Saúde fazem a entrega nos Centros de Zoonoses”, detalha.
De acordo com a bióloga, as pessoas têm levado o parasita para ser analisado, mas é preciso cuidado com este contato.
“Se a pessoa for tentar capturar o besouro, o ideal é que utilize luvas ou proteja as mãos com saco plástico e, em seguida, coloque em potes fechados. Temos recebido os vetores em potes de margarina, de maionese e até em coletores”, explica.
CONTÁGIO
A doença ou mal de Chagas é transmitida para o homem por meio da picada do besouro, vetor da doença, conhecido popularmente como barbeiro. Ao picar o homem ou outros animais, o besouro defeca e as fezes entram em contato com a parte lesionada da pele e alcança a corrente sanguínea, quando ocorre a transmissão da doença. Camila Azzi explica que este contágio é uma espécie de acidente – acontece quando o vetor não encontra roedores ou outros animais para se alimentar. O barbeiro costuma sair em busca de alimento à noite e é atraído pela luz. Durante o dia, o mais comum é que fique escondido em frestas, até mesmo as mais minúsculas.
O causador da doença de Chagas é o Tripanossoma cruzi, um parasita vive no organismo do besouro infectado e ocasionalmente é transmitido para o homem. Nas pessoas infectadas ele circula no sangue por muitos anos, por isso, na maioria das vezes a doença é diagnosticada em sua fase crônica. A doença de Chagas ocasiona sérios problemas ao coração ou ao intestino da pessoa infectada. “Em Rondônia, a maioria dos casos da doença é importado, de Minas Gerais ou do Nordeste”, informa Camila.
Na região Norte também há riscos para infecção via oral, por meio da ingestão acidental das fezes do besouro, no açaí ou no caldo de cana. “Na fase aguda é mais difícil detectar a doença, os sintomas podem ser confundidos com virose”, lembra Camila.
INFECTADOS
Ao longo de cinco anos, foram confirmados barbeiros infectados com doença de Chagas em Porto Velho e Ouro Preto do Oeste, em 2014, no ano de 2015 a ocorrência positiva foi no município de Itapuã do Oeste e em 2016 foi confirmado um caso, em Mirante da Serra.