Rondônia tem 22 barragens com alto potencial de dano ambiental e mortes
Todas hidrelétricas do estado são de alto potencial de dano, ou seja, podem causar muitas mortes se vierem a romper. Ariquemes lidera ranking de dano potencial.
Um relatório divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) revelou que 22 das 35 barragens de Rondônia tem alto potencial de dano. Dano potencial alto significa que, caso a barragem se rompa, poderá causar muitas mortes e grande destruição ambiental e material. No estado ainda há 15 classificadas como de alto risco.
O Governo Federal diz que Categoria de Risco (CRI) alto ou com Dano Potencial Associado (DPA) alto vão ter fiscalização priorizada no país.
Essa fiscalização será feita em mais de 3 mil locais depois do rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho (MG), que, até esta quarta-feira (30), causou a morte de 84 pessoas e deixou 276 pessoas desaparecidas.
Ariquemes é o município de Rondônia com mais barragens de alto potencial de dano: 5 de 22. Na sequência aparecem Alta Floresta D'Oeste, com quatro unidades, e Porto Velho e Itapuã do Oeste, com três barragens em cada uma dessas cidades.
Entre as com alto potencial de dano estão as hidrelétricas Santo Antônio, Jirau e Samuel, todas localizadas na capital Porto Velho. Embora o potencial de dano das usinas seja alto, a maioria delas é classificada como de baixo risco para estourar. Apenas Samuel tem categoria de risco médio.
O que armazenam as barragens?
As barragens em Rondônia são de produção de energia elétrica, contenção de rejeitos de mineração, dessedentação animal, irrigação, contenção de resíduos industriais e aquicultura.
O estado tem quatro 'açudes' destinados para contenção de rejeitos de mineração, ou seja, são parecidos com a barragem que rompeu em Brumadinho na última sexta-feira (25). Das quatro barragens com rejeitos, três estão localizadas em Itapuã do Oeste e uma em Ariquemes.
Ao todo, Rondônia tem atualmente 35 barragens: 22 são de alto potencial de dano, 4 de médio potencial e 9 de baixo.
Entre as de baixo potencial de dano estão: Represa Retiro, em Buritis, Fazenda Tarumã, em Rolim de Moura, e Fazenda Alto Capim, em Alto Paraíso.
Apenas duas barragens estão nos dois níveis máximos de observação do governo. Barragem Cascavel, em Ji-Paraná, e Bom Retiro, em Nova Brasilândia, são classificadas como de alto risco e alto dano ambiental.
As fiscalizações das barragens de dessedentação animal, aquicultura, irrigação e recreação são de responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental do Estado de Rondônia (Sedam-RO).
A reportagem entrou em contato com a pasta para verificar se está previsto alguma fiscalização in loco nos 'açudes', mas não teve retorno.
Já as hidrelétricas no estado são monitoradas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A fiscalização, segundo o Governo Federal, vai seguir um cronograma nacional, mas as datas ainda não foram divulgadas.
As barragens de contenção de minério são de responsabilidade da Agência Nacional de Mineração, que também vai seguir o cronograma nacional de fiscalização.