Foto: Rosinaldo Machado/Secom-RO/Reprodução
Aulas ao vivo e com participação direta de alunos virão na sequência das gravações iniciadas esta semana para o ensino a distância (EaD) por professores formadores da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) nos estúdios do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro).
O Campus Norte, na avenida Jorge Teixeira de Oliveira, bairro Industrial, em Porto Velho, começou a transformar-se neste terceiro mês do ano.
Na manhã desta terça-feira (1), o ensino a distância nesta parte da Amazônia Ocidental Brasileira começou a sair do projeto para a realidade. Com Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 29,3 bilhões, conforme dados do IBGE em 2014, Rondônia(11,7%) é o terceiro estado mais rico da região Norte.
“Querido aluno, vamos conhecer hoje a origem da língua portuguesa”, diz a professora Pura Moreno. Ela e a colega Luciana Aguiar ocupam as bancadas de madeira envernizada do estúdio principal, bem semelhante ao de emissoras convencionais de TV. O conteúdo dos slides elaborados pela Seduc para preencher a carga horária anual será dividido em módulos de dez disciplinas.
Sorridentes, as professoras apresentadoras anunciam o conteúdo concluído e pronto para ser assimilado por alunos do primeiro ano do Ensino Médio em 179 polos, alguns distantes até 800 quilômetros de Porto Velho. “O início do funcionamento do Ensino Médio com mediação tecnológica é um sonho, mas nada seria possível sem a determinação e a prioridade dada pelo governador Confúcio Moura à educação”, comenta Fátima Gavioli, secretária de Educação.
A tela exibe os itens das primeiras lições, entre os quais, classes de palavras, linguagem verbal e não verbal, variação, acentuação gráfica e aspectos fonográficos. Em linguagem simples, Pura e Luciana começam a explicar os temas por unidades. A quinta unidade aborda a sintaxe [parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si.
Investimentos
Segundo a secretária Gavioli, o investimento soma R$ 17,5 milhões divididos em três fases. Em 2016 serão aplicados R$ 3 milhões; em 2017, R$ 5,6 milhões; e em 2018, na conclusão do projeto, R$ 8,8 milhões.
O custo do projeto do Ensino Médio com Mediação Tecnológica em Rondônia baixou para a metade do previsto em 2013, informou em setembro do ano passado o diretor-executivo da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Flávio Cioffi. A aquisição de kits computadores, nobreaks, impressoras, telefone IP totalizaria R$ 30 milhões e baixou praticamente à metade.
Aulas a distância são ministradas por professores selecionados em comum acordo entre gestores e coordenadores regionais de educação.
Da população de 1,76 milhão de habitantes distribuídos por 237,5 mil quilômetros quadrados, 9,2% ainda são analfabetos.
A Seduc enviou técnicos em educação a Manaus, para conhecerem a Central de Mídias da Educação na secretaria de educação amazonense na Amazônia Ocidental.
Professor assistente é o filtro
O diretor-geral substituto do Ifro, Gilberto Laske, a secretária executiva Adriana Pacheco e o professor Adriano Dantas apresentaram os estúdios, cujas operações são de responsabilidade da funcionária Ariádne Joseane Felix Quintela e da equipe da empresa HR Digital, que se reveza diariamente, das 8h30 às 23h, supervisionada por Silvano Marques.
No estúdio switcher, onde se faz o corte mestre, a edição ao vivo permite anotações das dúvidas dos alunos. A chefe do Departamento de Produção de Educação a Distância, Ariadne Joseane Félix Quintela, lembra que, dos oito campus do Ifro, o da zona norte é o único voltado para o EaD.
A boa notícia é que o professor não será substituído pelo computador. O professor consegue acompanhar melhor o desempenho dos alunos, envolvendo-se com atividades próprias dos cursos, fóruns de discussão, testes online e atividades extras.
“Tudo isso é maior que nos cursos presenciais”, lembra o diretor Gilberto Laske. “Trabalhando em áreas isoladas, o professor assistente repassa e esclarece o conteúdo. Ele é o filtro que permite ao aluno receber a resposta na mesma hora”, explica.
Para o professor de novas tecnologias do curso de televisão da Universidade de São Paulo (USP), José Manuel Moran, no EAD esse professor pode passar informações complementares para determinados alunos, adaptando a sua aula para o ritmo de cada um. Ao mesmo tempo, pode procurar ajuda em outros colegas, a cada problema surgido. “O processo de ensino-aprendizagem ganha dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados”, assinala.
800 horas/aula por ano
O desânimo até então manifestado por associações de moradores em reservas extrativistas, organizações não governamentais com atuação em áreas indígenas, quilombolas, assentamentos rurais e margens de rios será substituído pela carga horária de 800 horas/aula por ano, com permanente interação entre professores e alunos.
Alunos de áreas isoladas que não têm condições de prosseguir os estudos se beneficiarão do projeto. Quase a totalidade dessa clientela teria que viajar de canoa, barco ou avião, se quisesse estudar nas cidades.
Receptor de satélite, roteador, webcam [câmara para videoconferência] com microfone embutido, antena, TV, estabilizador e impressora compõem o rol de equipamentos das salas de aula.
A Seduc espera reduzir a evasão escolar no estado, a exemplo do que ocorre no Amazonas. A evasão imediata em Rondônia cresce e preocupa desde 2012.