O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, falou sobre a necessidade de estabelecer regras mais flexíveis para o setor. Segundo ele, persiste no País a tradição do excesso, o que prejudica o ambiente de negócios em inovação. Pansera participou de debate das comissões de Ciência e Tecnologia e de Desenvolvimento Econômico da Câmara sobre o potencial da "internet das coisas" no país.
"O setor de tecnologia precisa de muita liberdade para trabalhar, porque se movimenta muito e rompe paradigmas [de forma] muito fácil. Nós precisamos que as leis voltadas para ciência e tecnologia e inovação sejam o mais abertas possível, para que, a cada avanço, a lei não sirva como uma barreira."
A ideia por trás da “internet das coisas” é a de conectar itens que usamos no dia a dia para criar um ambiente automatizado e inteligente. É possível, por exemplo, evitar que toneladas de alimentos sejam desperdiçadas com sensores que monitoram a temperatura de dentro do caminhão ou navio.
O ministro disse que a "internet das coisas" deve trabalhar a favor da segurança alimentar e da energia limpa, áreas em que, segundo ele, temos competitividade inclusive para desenvolver tecnologias próprias. Para isso, diz Pansera, será preciso contornar gargalos de investimento.
"O Brasil é um país muito grande, ficou muito tempo sem investir. Começou a investir bem, mas precisa investir ainda muitos recursos para criar uma rede eficiente e segura em que esses dados da internet e os dados produzidos pelos laboratórios consigam circular livremente. Talvez seja um dos maiores desafios nossos.”
Para o deputado William Woo, do Partido Verde de São Paulo, que solicitou o debate, é preciso atrair o parceiro privado.
"A renovação do conhecimento no futuro vai ser em 72 horas. Nós, parlamentares, às vezes, culturalmente, fazemos uma lei tão detalhada que não permite o desenvolvimento. Sempre falei que sou favorável a exigir diferente daqueles que usam de concessões públicas, dinheiro públicos, da inciativa privada. Quando se trata de setores que não recebem recursos públicos, temos de deixá-los livres de regulamentação, que o próprio mercado vai ditar as regras."
Durante a reunião na Câmara, o ministro Pansera defendeu a aprovação do projeto de Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Projeto de Lei 2177/11). Pelo projeto, as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação podem ser realizadas em laboratórios públicos, por meio de parcerias com empresas privadas, pessoas físicas ou quaisquer empresas. O texto, que teve origem na Câmara, foi aprovado em julho pelo Plenário, e aguarda agora deliberação do Senado.