Vice-Presidente está calado, observando a guerra entre Maia e Bolsonaro
O vice-presidente se tornou o conciliador da República. Ele abafa as falas de Bolsonaro e reconstrói aquilo que Maia disse. Tem maior receptividade da imprensa, empresários e até mesmo dos próximos ao presidente Bolsonaro.
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) que não estava nos planos do PSL e do presidente Jair Bolsonaro foi anunciado nos últimos minutos do encerramento do registro das chapas à eleição presidencial de 2018 em 05 de agosto no TSE. Bolsonaro tinha anunciado o vice, após três tentativas que não deram certo. Antes, ele sondou o senador Magno Malta (PR), o general Augusto Heleno, do PRP, e a advogada Janaína Paschoal, do PSL. Todos recusaram o convite. Mourão foi o que tinha disponível.
Ele ganhou notoriedade em outubro de 2015, quando estava no Comando Militar do Sul e fez críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff. Em uma palestra no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) em Porto Alegre, o general afirmou que era preciso um "despertar para a luta patriótica".
O vice-presidente se tornou o conciliador da República. Ele abafa as falas de Bolsonaro e reconstrói aquilo que Maia disse. Tem maior receptividade da imprensa, empresários e até mesmo dos próximos ao presidente Bolsonaro.
Mourão traçou um roteiro de viagem aos Estados Unidos e tem incomodado aliados do presidente Bolsonaro. Ele terá agenda com Mike Pence, vice-presidente americano, encontro com pensadores da esquerda americana. Segundo assessores palacianos, Mourão quer se firmar como uma figura estadista, deixada no vácuo por Bolsonaro nas eleições de 2018. Mourão irá proferir discurso no Conselho das Américas que tem participação de vários segmentos políticos. Estará com Mangabeira Unger que assessorou o candidato Ciro Gomes à presidência pelo PDT nas eleições e terá reunião com universitários de Havard University.
As visitas e reuniões promovidas pelo vice Mourão nos Estados Unidos atacam o guru Olavo de Carvalho que tem feito críticas pesadas ao modo político de ser do general Mourão. O vice-presidente tem compartilhado posicionamentos diferentes do presidente Bolsonaro o que tem chamado a atenção daqueles que atuam nos bastidores do Poder. O silêncio do vice quanto aos ataques recebidos pelo presidente Bolsonaro também está se tornando uma incógnita naqueles que assessoram diretamente o Quartel (Gabinete) do Presidente Bolsonaro.
Em falas proferidas à imprensa, Mourão disse que as comemorações do próximo dia 31 de março serão feitas nos quartéis militares como de costume. O que vai ser feito em termos de ordem do dia vai ser algo muito conciliador, colocando que as Forças Armadas combateram o nazi-fascismo, combateram o comunismo e isso é passado, faz parte da história”, afirmou pouco antes de deixar o Palácio do Planalto nessa quinta-feira (28).
Em relação à articulação em torno da proposta da reforma da Previdência, Mourão elogiou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e minimizou eventuais desgastes na relação entre o Legislativo e o governo federal. “Eu julgo que o deputado Rodrigo Maia é imprescindível no processo que estamos vivendo no Brasil, pelo papel que ele tem dentro da Câmara dos Deputados. Ruídos ocorrem”, afirmou.
Declarações do vice Mourão têm se tornado incômodas para os novos ocupantes do Palácio do Planalto. Destoando-se do tom belicista e das frases de ódio proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, Mourão tem adotado um tom conciliador e avesso às posições do novo mandatário.
Mourão está se oferecendo, se qualificando, se cacifando enquanto uma alternativa a Bolsonaro. Eu digo que, para esse grupo, ter o Bolsonaro foi algo conveniente por um lado, porque Bolsonaro era quem poderia falar para o público externo. Só que a criatura está saindo fora do controle dos criadores”, destacou. É bom lembrar: generais não batem continência para capitães. Principalmente para um mau capitão como foi o Bolsonaro.
O silêncio de Mourão terá um resposta tão brevemente.