Mapa de inundação está sendo elaborado após rompimento na região de Machadinho D’Oeste
A Defesa Civil trabalha com o levantamento das pessoas isoladas e a partir disso, junto ao DER, já iniciaram ações de reparos para acesso às vias, garantindo o direito de ir e vir à população.
Preocupada em responder rapidamente a população atingida pelo rompimento de uma barragem de bacia de decantação em Machadinho D’Oeste, a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) continua o monitoramento diário na região atingida pelo rejeito formado por água, areia e argila.
Um mapa de inundação está sendo elaborado para conhecer as dimensões exatas da área total atingida. Defesa Civil e Departamento de Estradas, Rodagens, Infraestrutura e Serviços Públicos (DER) trabalham para garantir suporte à população com acesso às vias.
Após uma tromba d’água originada por chuvas intensas no distrito de Novo Oriente, na tarde de sexta-feira (29), o rompimento atingiu dois barramentos e inundou uma grande área da região. Segundo a Sedam, com as análises realizadas por vídeos, estudos de campo e vistorias aéreas, concluiu-se que o evento se deu em efeito cascata, a partir de um reservatório de água na parte superior da montante do rio.
O reservatório foi criado sem fins econômicos, com corpo hídrico represado para construção de uma via. Com as chuvas intensas houve um rompimento desse reservatório e a água armazenada desceu à jusante, atingindo dois barramentos. Conforme explicou o engenheiro de minas, Péricles Monteiro Quadros, o termo barragem de rejeito pode não ser o mais apropriado para o ocorrido, pois segundo a Agência Nacional de Monitoramento (ANM) existem critérios para classificação, nesse caso, em Machadinho, a secretaria denomina bacia de decantação, pelo volume menor de rejeitos.
Uma equipe técnica realiza o monitoramento da água diariamente, para saber se o Rio Belém será afetado pelos rejeitos. Este rio é responsável pela captação de água que abastece a população de Machadinho D’Oeste. “A probabilidade disso acontecer é mínima, porque o rejeito ou água tem o potencial baixo de escoamento, devido a topografia do terreno, que é muito plana”, explicou o engenheiro.
O terreno plano desfavorece o escoamento por um longo caminho, e como observando por monitoramento aéreo e registros fotográficos, o final do percurso atingido pelo rejeito apresenta vegetação intacta, demonstrando que o potencial do rejeito foi leve, não abalando a estrutura da vegetação. Para conhecer melhor as dimensões da área atingida pelo rompimento, o setor de georreferenciamento da Sedam está elaborando um mapa de inundação, onde será possível quantificar o ocorrido e autuar os possíveis responsáveis.
Com apoio do IBAMA, ANM (responsável por fiscalização e monitoramento) e Polícia Técnico-Científica (Politec), que disponibilizou um geólogo com experiência em área de mineração com cassiterita e monitoramento de barragem de dano potencial alto, a equipe designada tem competência para dimensionar e oferecer suporte para a população da região, com informações a respeito de contaminação.
A cassiterita é um minério de alta densidade e, misturada com argila e terra, submetida à água em movimentos vibratórios de cima para baixo, há separação dos materiais mais densos e pesados, que ficam em nível baixo e são os produtos comercializados (como o estanho), e os materiais mais leves, que ficam em nível alto, e escoem para o rejeito da produção.
“Por isso, falamos que o rejeito é de 90% de argila e areia sem potencial de contaminação, por não conter reagentes químicos. O nosso alento é que o estanho não reage com a água, nos dando tranquilidade”, alegou Péricles.
Mesmo com as evidências de não contaminação da água, está sendo realizada coleta de água todos os dias para monitoramento no Laboratório de Águas da Sedam, em parceria com a Companhia de Águas e Esgotos (Caerd) e Universidade de Rondônia (Unir), para garantir maior celeridade dos resultados e retorno à população.
Na região atingida, foram identificadas durante o período do rompimento sete pontes danificadas, como os acessos ao distrito de Novo Oriente. A Defesa Civil trabalha com o levantamento das pessoas isoladas e a partir disso, junto ao DER, já iniciaram ações de reparos para acesso às vias, garantindo o direito de ir e vir à população.