Rondônia é o 2º estado do país com maior número de mortes em conflitos de terra em 2018, aponta estudo
Os dados são do último levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Todos os seis assassinatos aconteceram em cidades do interior do estado que, segundo o levantamento, são áreas de intenso conflito agrário.
Rondônia é o segundo estado do Brasil em número de assassinatos relacionados à luta no campo em 2018. Seis crimes do tipo foram registrados no estado somente no ano passado. Os dados são do último levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Todos os seis assassinatos aconteceram em cidades do interior do estado que, segundo o levantamento, são áreas de intenso conflito agrário.
O primeiro assassinato foi registrado em fevereiro de 2018, em Ouro Preto do Oeste (RO). A vítima foi um trabalhador rural, de 32 anos, morto a tiros enquanto realizava demarcação de terra.
Segundo o levantamento, o trabalhador não foi registrado como vítima de conflito fundiário, mas conforme agentes da CPT Rondônia, pessoas da região onde o crime aconteceu relacionam o caso com conflito por terra.
O segundo caso também aconteceu em Outro Preto do Oeste, dois meses depois do primeiro registro. A vítima em questão foi um homem, de 36 anos, considerado uma liderança na luta por terra na região central do estado. De acordo com o levantamento, a vítima teve parte de uma orelha arrancada e vários cortes em seu corpo, além de uma marca no lado esquerdo do rosto em forma de "X".
Um jovem, de 21 anos, foi a terceira vítima citada no levantamento. O sem-terra foi encontrado morto em julho de 2018 com um disparo de arma de fogo na região do tórax, próximo a um acampamento no município de Vilhena.
O CPT cita que o crime aconteceu dias após um ataque ao mesmo acampamento com a participação de um pistoleiro. O levantamento apontou que o caso será investigado pela Delegacia de Homicídios de Vilhena.
No mesmo mês foi registrada a quarta vítima, um homem de 49 anos. Ela foi morta a tiros enquanto se deslocava de carro a um acampamento, em Seringueiras. O levantamento descreve a vítima como uma liderança que apoiava famílias na luta por terras. Na ocasião, a filha do homem, de 16 anos, chegou a ser atingida pelos disparos.
Ainda em julho, ocorreram os dois últimos homicídios registrados. As vítimas em questão são dois jovens, de 23 e 24 anos, assassinados a tiros no município de Nova Mamoré. A região onde o crime aconteceu é citada no levantamento como uma área ocupada há aproximadamente três anos por 105 famílias.
O estudo cita que há indícios de que as terras em disputa pertençam à União. A CPT afirma também que as famílias da região já tinham alertado os órgãos públicos sobre a possibilidade de confronto que terminou ainda com a morte de um policial militar.
E nos últimos anos?
O levantamento de 2018 confirma uma queda consecutiva no número de assassinatos relacionados a conflitos de terra em Rondônia. O mesmo já havia ocorrido em 2017, quando foram registradas menos mortes em relação a 2016.
No entanto, o estudo mostra que o estado ainda é o segundo colocado no número de mortes no campo pelo segundo ano consecutivo. A liderança ainda é do Pará, que fechou 2018 com quase o triplo de mortes registradas em Rondônia. Um total de 16.
Já nos anos de 2015 e 2016, Rondônia chegou a liderar o ranking de violência no campo.
O estado também está na segunda colocação na Região Norte em número de conflitos no campo em 2018. Situação que não mudou nos levantamentos anteriores, onde Rondônia marcou presença nas primeiras colocações durante os últimos cinco anos.