Um dia após não ter conseguido barrar a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Plenário da Câmara dos Deputados, o PT reuniu sua bancada nesta segunda-feira (18) e decidiu criar um grupo de trabalho para convencer senadores a votarem contra o que chamam de “golpe na democracia”.
Líder do PT na Câmara, o deputado Afonso Florence (BA) disse que está encarregado de designar quais deputados vão participar do grupo de negociação com os senadores.
“Fizemos uma agenda a partir de uma listagem de senadoras e senadores. Vamos ter uma reunião com a bancada do PT e do governo no Senado, e esse grupo de trabalho vai perseverar na defesa da democracia”, afirmou ele.
Para ele, o que está acontecendo no País é um golpe de estado coordenado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com o apoio do vice-presidente da República, Michel Temer, e de partidos de oposição como o DEM e o PSDB. “Essa chapa Michel/Cunha não tem legitimidade, é ilegal, é golpista.”
Sem novas eleições
Florence ainda descartou que o partido esteja discutindo qualquer possibilidade de antecipação das eleições. “Eu só me refiro a esse assunto quando sou perguntado pela imprensa. Nós não cogitamos essa possibilidade”, disse.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) também reforçou a ideia de golpe e disse que o partido pretende ampliar o debate com a sociedade, com a participação de intelectuais, artistas, juristas movimentos sociais. “O governo Temer não ocorrerá. Não tem legitimidade. O que dá legitimidade é o voto do povo”, disse Fontana, que também participou da reunião da bancada.
Ao comentar os esforços de articulação com os senadores, Fontana se disse confiante e duvidou que a oposição consiga 2/3 dos votos no Senado. “A solução para combater a corrupção não é acabar com as eleições diretas e colocar um dos maiores corruptos da historia do Brasil como vice-presidente da República. E o silencio de Temer é ensurdecedor eu nunca ouvi uma frase critica dele contra Eduardo Cunha”, completou.
Constituinte
Fontana também refutou a tese de antecipação das eleições, mas admitiu que o partido discutiu a possibilidade de propor uma Assembleia Constituinte exclusiva para mudar o sistema político brasileiro.