Foto: Esio Mendes/Secom-RO/Reprodução
Seis décadas depois de inaugurado, o Palácio Presidente Vargas, no estilo neoclássico, deixou de ser “do governo” para ser transformado no Complexo Cultural Palácio da Memória, em Porto Velho.
O projeto arquitetônico, lançado na noite dessa quarta-feira (18) prevê diversas modificações e restauração dos acervos arqueológico, etnográfico, paleontológico, documental e de artes.
O palácio, no centro histórico da capital, teve sua pedra fundamental lançada em 13 de setembro de 1948, no governo Joaquim Araújo Lima, e suas obras foram concluídas em 29 de janeiro de 1954, durante o governo Ênio Pinheiro.
Descrevendo o espaço e a pesquisa até então feita no palácio, a diretora do museu, Ednair Rodrigues, elogiou a concepção dada pelo arquiteto Lucas Veronese Varanda à restauração do prédio, que também terá sua cor original resgatada.
Ao som da Orquestra Villa-Lobos, o gabinete do governador foi aberto à visitação.
O superintendente estadual da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer, Rodnei Paes, lembrou ter visitado o Palácio Rio Branco, ex-sede do governo do Acre, também transformado em museu na capital acreana.
“Cada um poderá dar a sua contribuição para que este sonho seja concretizado por todos. O governador Confúcio Moura constatou que temos profissionais capacitados para fazer o museu, e assim montamos a nossa equipe”, explicou.
Aos chamados “fazedores de cultura”, Paes prometeu desenvolver projetos, considerando que o terreno para o Arraial Flor do Maracujá, no Parque dos Tanques, foi uma conquista. “O governador sonha hoje com o moderno projeto de salas e ambientes para o museu”, disse.
Ainda segundo o superintendente, 1,7 mil plantas e mapas de Porto Velho e documentos da extinta Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foram digitalizados, com o apoio da concessionária Santo Antônio Energia.
Como será
Autor do inventário de bens móveis da Madeira-Mamoré, o arquiteto Lucas Veronese lembrou ter ingressado na Superintendência Estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) com a preocupação de consultar a comunidade para melhor conservar prédios antigos na cidade.
Entre outros aspectos, seu projeto prevê a garantia da acessibilidade ao palácio, a retirada da rampa e a correção das sacadas, algumas das quais modificadas inclusive com a colocação de aparelhos de ar-condicionado.
“Num raio de 400 metros no entorno do palácio, há ônibus à vontade”, enfatizou.
Do prédio original, projetado pelo arquiteto José Otino de Freitas, restaram pedras São Tomé na escadaria e guarda corpo na entrada. Fachada, luminárias e pisos serão recuperados. Infiltrações serão corrigidas.
O mobiliário também foi contemplado. No térreo, a Praça Raízes mostrará referências regionais. O projeto ainda inclui um estudo de insolação anual. No alto, com vistas para o rio Madeira, será construída a sala do café regional com aparência de um vagão de trem. Turistas serão recepcionados num centro de atendimento.
Numa das entradas do palácio, o pintor Gaspar Knyppel escreveu no painel de sua autoria: “O que você espera desse sonho?” Na saída do evento havia dezenas de pedidos.