Ao que parece a verdadeira novela em que se transformou a compra emergencial de 100 mil quites de testes rápidos ainda está longe do fim, principalmente de um final que seja benéfico para a sofrida população de Rondônia.
Importante relembrar que a rumorosa compra dos tais quites já ganhou as manchetes da imprensa por uma série de disparidades, como a compra de quites que ainda não tinham sidos validados pela Anvisa, pagamento antecipado de 30% do valor e o descumprimento do prazo de entrega que deveria ter sido feita em 17 de abril e só aconteceu em 20 de maio, ainda assim uma aeronave do governo teve que ir buscar em São Paulo.
Com chegada dos quites, festejada pela Sesau, esperava-se que a testagem para coronavírus fosse aumentar rápida e significativamente, tanto pela carência de testes, quanto pela demora de 33 dias de atraso da entrega, o que tornava a utilização de tais quites questão de urgência e emergência.
Todavia, uma análise dos dados divulgados nos Boletins oficiais da Sesau sobre o número de testes realizados demonstra que os 100 mil quites de testes rápidos ainda não estariam sendo utilizados, conforme tabela anexa.
Os dados indicam claramente isso: primeiro, no dia 20/05, data em que o secretário de saúde recebeu os 100 mil quites no Aeroporto da Capital, já haviam sidos realizados 9.627 testes. Onze dias depois, em 31/05, foi divulgada a realização 16.303 testes, apenas 6.676 novos testes, que representam irrisórios 6,68% dos 100 mil quites.
Segundo, não houve como seria de se esperar um aumento rápido e significativo da testagem após a chegada dos 100 mil testes. Comparando o período anterior e os seguintes, na verdade nos últimos três dias de maio houve até uma queda.
Terceiro, em 20/05 havia sido testada 0,55% da população; sendo que 11dias após a chegada dos 100 mil quites de testes rápidos Rondônia ainda não alcançou sequer 1% dos habitantes testados, estando apenas com 0,93% de testagem para coronavírus. Os 100 mil quites dariam para testar 6% de toda população do Estado, mais de seis vezes o que foi feito desde o início da pandemia até 31/05.
A análise por períodos mostra que de 17 a 19 de maio foram realizados 1.269 testes, uma média de 423 por dia. Nos três dias posteriores à chegada dos quites, de 21 a 23/05, foram realizados 1.839 testes ou 613 em média. Já nos últimos três dias de maio, de 29 a 31/05, foram realizados apenas 1.746 testes ou 582 na média diária; portanto, inferior aos três primeiros dias logo após a chegada dos 100 mil quites.
A conclusão que se impõe é a de que. até o momento, 11 dias após a chegada dos 100 mil quites de testes rápidos, não houve alteração significativa no quadro geral do número de testagens para coronavírus realizadas em Rondônia. Haveria ainda alguma restrição da Anvisa para esses testes ou seria apenas incompetência logística da Sesau em utilizar rapidamente os tais quites?
* Itamar Ferreira é advogado, em isolamento social.