Finalmente, após 45 dias de atraso, desde 17 de abril quando estava previsto em contrato a entrega dos 100 mil testes rápidos para coronavírus, o Governo de Rondônia anunciou nesta segunda-feira (1º) o início da fase de testagem mais ampla da população para coronavírus.
É importante observar que até 31/05 foram realizados 16.303 testes, que corresponde apenas a 0,93% da população. Esta testagem terá duas fases agora em junho; a primeira dos dias 03 a 09, na qual serão realizados 28.632 testes; a segunda, dias 17 a 23, serão realizados mais 46.527. No total serão 75.159 testes, o que correspondem a 4,30% da população ou quase cinco vezes mais do que todos os testes já realizados até 31/05.
O DESASTRE CAUSADO PELO ATRASO
O atraso de mais de 40 dias para utilização destes 100 mil testes rápidos, sendo 12 deles desde a chegada dos quites à Porto Velho em 20 de maio, que até o momento inexplicavelmente não teria sido utilizado um único destes testes, numa situação de urgência emergência, em que a população clama diariamente por testes nos postos de saúde e UPAs, causará um trágico aumento no número de mortes e agravará a situação econômica, por falta de gestão adequada da crise.
Este atraso imenso, considerando que estamos no meio de uma pandemia, inviabilizou o mapeamento e controle mais adequados da contaminação pelo coronavírus, nos últimos 40 dias. As decisões que causaram maior impacto na aceleração da contaminação no Estado foram os dois Decretos do Governador, de 26/04 e 14/05, quando menos 0,5% da população tinha sido submetida aos testes.
O resultado disso foi desastroso, pois em 26/04 havia apenas 364 casos confirmados e em 31/05 e aumentou para 4.743, mais 1.203,02% ou 13 vezes mais infectados. No mesmo período o número de mortes aumentou de 10 óbitos em 26/04 para 151 mortes em 31/05, um percentual de 1.410% ou 15 vezes mais.
COLAPSO NA SAÚDE JÁ COMEÇOU
No dia 26 de maio o governador divulgou um vídeo com apelo dramático à população, sobre a importância da prevenção e informou que a partir do dia 4 de julho o sistema de saúde do Estado entraria em colapso.
Mas colapso já começou no último sábado (30), pois o secretário de Saúde Fernando Máximo escreveu no Twitter que "Nossas UTIs públicas estão praticamente 100% lotadas. UTIs privadas de PVH também estão com taxas altíssimas de ocupação. Ainda vemos quem não acredita no vírus. TODOS precisamos ter responsabilidade social. Vamos cuidar de nós mesmos e do nosso próximo por favor. Deus".
A CULPA DO COLAPSO NA SAÚDE É DAS AUTORIDADES
O governador Marcos Rocha e o secretário Fenando Máximo, com seus tardios apelos dramáticos, pois tais advertências e cuidados deveriam ter sidos adotados ao publicarem os decretos de 26/04 e 14/05, que reabriram a maior parte dos comércios e, na prática, acabaram com grande parte do distanciamento social, querem agora responsabilizar a população, mas responsabilidade é das autoridades.
Vale ressaltar, também, a omissão da prefeitura da Capital na fiscalização e conscientização, pois sequer nos portos do Rio Madeira, por onde entra o coronavírus vindo de Manaus, há qualquer barreira sanitária.
Itamar Ferreira é advogado e responsável pela Coluna Reticências Políticas.