O governo de Rondônia continua omitindo da população um fato grave: a falta de kits para exame PCR no LACEN (laboratório do Estado). Em função disso uma grande quantidade de amostras de exames – para confirmar novos casos e causas de mortes – está sendo enviada à Fiocruz no RJ e leva alguns dias para sair os resultados. Isso explica as absurdas variações nos números divulgados na última semana, que variaram de 237 novos casos no dia 26/07 a 2.302 em 22 de julho.A falta de kits PCR foi denunciada em matéria do jornal O Estado de São Paulo, em 13/07/2020.
A coluna fez uma análise da evolução nas últimas quatro semanas, de 30 de junho até esta segunda-feira (27), dos novos casos de coronavírus e mortes por covid-19, em Rondônia e na Capital, e constatou que nas três primeiras semanas deste período – de 30/06 a 20 de julho – houve uma média diária, em cada semana, de novos casos de contaminação de 427, 447 e 393, respectivamente, em todo Estado, destes 193, 197 e 156 na Capital, tabela abaixo. Neste mesmo período o número de mortes na média diária em cada semana variou de 7, 13 e 9 no Estado e de 2, 7 e 4 em Porto Velho.
A causa dessas bruscas oscilações é uma grande subnotificação em alguns dias, com o atraso na divulgação de resultados de exames que estão sendo enviados à Fiocruz – por causa da falta de kits PCR no LACEN, desde 06 de julho – para em seguida haver uma explosão dos números quando estes resultados chegam e são divulgados.
Da análise da evolução destes dados, percebe-se que o descontrole causado pelo atraso na divulgação dos exames que vão para a Fiocruz "esconde" o crescimento de novos infectados/mortes em um período, como nas três primeiras semanas de julho, para em seguida causar uma explosão, como ocorreu na semana de 21 a 27/07, quando a média diária na semana mais que dobrou, 907 novos casos, sendo 554 em Porto Velho, e 17 mortes, com 11 na Capital.
Os números desta última semana, mesmo com uma clara subnotificação nos dias 26 e 27 de julho, onde os novos casos "despencaram" artificialmente para 237 e 338 respectivamente – certamente um reflexo da falta de kits de exame PCR no LACEN – comprovam que a pandemia está descontrolada e em crescimento acelerado em Rondônia, principalmente na Capital.
* Itamar Ferreira é advogado e responsável pela Coluna Reticências Políticas.