20/05/2022
Aos 16 anos, paratleta de Rondônia é campeão mundial escolar em Judô, em torneio na França
O estudante atleta da Escola Estadual Marechal Castelo Branco de Porto Velho, tem 16 anos, foi convocado pela Seleção Brasileira e é o único rondoniense representando o Brasil.
Com uma história de superação incrível que gera emoção em quem conhece, o estudante Danilo Silva, tricampeão Nacional de Judô Paraolímpico, conquistou o título de campeão mundial e venceu as lutas no Gymnasiade 2022 – a maior competição escolar, que ocorreu na região da Normandia, na França. O estudante atleta da Escola Estadual Marechal Castelo Branco de Porto Velho, tem 16 anos, foi convocado pela Seleção Brasileira e é o único rondoniense representando o Brasil.

Uma das lutas foi contra o faixa preta Furkan Karatropak da Turquia, de 18 anos, em que Danilo, em questão de segundos, venceu por Ippon – quando o oponente é projetado e bate com as costas no solo. O estudante é deficiência visual e disputa na categoria paralímpica.

Atualmente faixa marrom, o paratleta está a um passo de se graduar em faixa preta. Se conseguir galgar a graduação em 2023, ele será um atleta juvenil faixa preta com apenas 17 anos.

Danilo sempre foi atraído por esportes, já teve passagem no atletismo e natação, ele também pratica por diversão, o ciclismo e ainda arrisca no skate. Para os que conhecem, a deficiência visual nunca foi impeditivo para fazer o que ama.

A mãe, Cleuzeni Gerônimo, se diz muito orgulhosa e comenta sobre a dedicação de seu filho. “Não foi fácil, às vezes é cansativo conciliar tudo, mas a gente sempre dá um jeitinho. Estou muito feliz por ele e pelo resultado, eu estava muito confiante, pois ele estava bem preparado. O sentimento é de gratidão, primeiramente a Deus e a todos que fizeram parte dessa grande corrente e ajudou o Danilo a chegar ao mundial”, pontua.

O Sensei – título honroso para tratar o professor ou mestre do Judô, José Oliveira demonstra prazer em treinar Danilo, assim como os demais alunos. Ele é professor do Estado e é faixa coral no esporte, tendo também, o título de Kôdansha. Com a intensificação, o judoca treinava 4 horas diárias, sendo 2 horas pela manhã e 2 horas à noite, intercalando com musculação e técnica. Já no período da tarde ele estuda.

“O meu maior legado são meus atletas. Estarei fazendo a minha parte, treinando-os e fazendo com que se tornem faixa preta e cheguem ao topo. E eu não formo apenas atletas, e sim cidadãos. Pois o objetivo do Judô é exatamente voltado à parte educacional. Eu os treino para ficarem ao meu lado de igual para igual”, pontua.

O Gymnasiade 2022 é um evento poliesportivo, que acontece a cada 2 anos, organizado pela Federação Internacional do Desporto Escolar – ISF. Já a seletiva é feita pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar – CBDE. O título abrirá as portas de uma carreira internacional para o Danilo, e o objetivo é que integre a seleção paraolímpica brasileira nos Jogos Olímpicos, na França em 2024.

O INÍCIO NO JUDÔ

Aos três anos de idade, Danilo foi diagnosticado com um câncer retinoblastoma que o fez perder a visão. Na época foi um susto para todos da família porque a doença ainda era desconhecida para eles e não existia tratamento em Rondônia. Mas segundo a mãe, ele sempre se manteve esperto e não se deixava abater.

Embora tenha participado de vários esportes como Atletismo e Natação, o esporte que mais o chamou atenção foi o Judô. A mãe teve um papel fundamental quando se dispôs a apoiá-lo. Segundo ela, ao começar a ir à escola, uma professora indiciou a prática do Judô, ele se apaixonou pelo esporte e logo vieram as primeiras medalhas, participando de regionais.

De início, como ainda não eram formalizadas as competições paraolímpicas no Estado, o atual campeão mundial começou competindo com adversários que enxergavam. Nisso, ao ganhar de aluno sem deficiência visual dentro do tatâmi, Danilo mostrava o seu potencial e não havia dúvida que ao competir na sua categoria ia garantir êxito.

TRICAMPEÃO PARAOLÍMPICO NACIONAL

Mesmo treinando de forma constante, Danilo aguardava ansiosamente para competir em nível nacional. Ao completar 12 anos, ele foi para São Paulo pelo Time Rondônia para disputar nas Paralimpíadas Escolares e saiu de lá campeão pela primeira vez. No ano seguinte, com 13 anos, garantiu de novo a medalha de ouro. Já em 2021, estreando no Juvenil, manteve o título de campeão no peso de 66kg, como também sagrou-se campeão absoluto de Judô no Brasil. Todas essas conquistas contribuíram para que ele fosse convocado para seleção brasileira, como também ao treinamento de campo da própria seleção.

ATUAÇÃO DA SEDUC

O Governo do Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Educação – Seduc, tem incentivado os estudantes atletas a alçar voos, dando todo o suporte necessário como hospedagem, alimentação, transporte, translado intermunicipal e aéreo, entre outros. Como ainda dando subsídios para que as escolas trabalhem e alcancem esse resultado, por meio dos Jogos Escolares de Rondônia – Joer, que são o ponto de partida para a trajetória desses atletas, bem como, em especial, dos atletas paralímpicos.

De acordo com o professor Expedito Santana, titular da Gerência de Educação Física, Arte, Cultura e Esporte Escolar – Gefacee, o formato dos jogos escolares se assemelham muito com os jogos nacionais e Rondônia tem sido referência para outros Estados. Na ocasião, comovido com a história de muitos estudantes paraolímpicos, comenta que há projetos sendo desenvolvidos para atender essa categoria.

Segundo Ascanio Marcos Santos, técnico do Núcleo de Esporte Escolar – NEE, a sensação é de dever cumprido. “É uma conquista de muitos anos. E ver um estudante competir em nível mundial, é motivo de orgulho e felicidade imensurável”, conta emocionado.

E para a secretária de Estado da Educação, Ana Lúcia Pacini,  o estudante Danilo é um exemplo a ser seguido. “O Governo de Rondônia tem a honra de contribuir de alguma forma para essa conquista e de poder continuar investindo na Educação para que outros estudantes, assim como Danilo, continue se destacando e elevando o nome do Estado a novos patamares”, declara.

O Rondônia Clube Paralímpico – RCP e a Federação Rondoniense Paralímpica Escolar – Frope, com professor Sílvio do Carmo e a Fisioterapeuta Edislaine sempre estiveram à frente do movimento paraolímpico que impulsiona e promove inclusão de pessoas com deficiência no esporte.






 

Fonte: Secom - Governo de Rondônia
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