O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin receberam nesta segunda-feira (10/10) o apoio de dezenas de personalidades da sociedade civil, entre jornalistas, economistas, empresários, cientistas políticos e lideranças políticas, entre outros. No encontro, o ex-presidente disse que todos pertencem a uma geração pode tirar o país do atraso.
A reunião em São Paulo contou com nomes como Aloysio Nunes, Zeca Martins, André Lara Resende, Priscila Cruz, Randolfe Rodrigues, José Aníbal, Eduardo Gianetti, Marcus Barão, Miguel Lago, Natalie Unterstell, José Aníbal, Pimenta da Veiga, Neca Setúbal, Philip Yang, Tereza Campello e Marina Silva.
Em seu discurso, Lula agradeceu o apoio e disse que está otimista na vitória após a caminhada em Minas Gerais no sábado, onde reuniu milhares de pessoas. “Aquilo me lembrou muito o comício das Diretas Já. Na época, o Tancredo Neves falava assim: ‘o que a gente vai fazer com esse povo?’ Era muita gente! E como eu estava num dia de sorte, quando eu chego no palanque, quem estava lá? Chico Buarque. E aquilo foi a realização total do evento”, contou.
Defesa da democracia
O ex-presidente observou que a democracia brasileira não vive um bom momento justamente pelo atual presidente, Jair Bolsonaro, ser um “negacionista da política”. Lula, ao contrário, defendeu o diálogo como forma de melhorar o Brasil, e garantiu que irá tirar o país do atraso e do mapa da fome mais uma vez.
“Nós estamos enfrentando um cidadão que quer aumentar o número de ministros da Suprema Corte para ter o controle sob ela. Eu nunca indiquei ministros para me ajudar, e sim para que eles cumpram o papel do Supremo”, afirmou.
“Essa não é uma eleição fácil, nós não estamos dentro de um processo democrático normal. Eu perdi duas eleições para o Fernando Henrique Cardoso e fui pra casa chorar. Mas este cidadão é anormal, ele não teve nenhuma formação civilizatória e pensa no Brasil pra ele, Suprema Corte, Formas Armadas, Congresso, ele acha que tudo é dele. Mas a gente vai recuperar esse país, nós vamos fazer a sociedade exercer a democracia”, alertou.
Por fim, Lula disse que tem como sonho que as pessoas tenham uma casa digna, façam no mínimo três refeições por dia, além de melhorar a educação, criando mais oportunidades para todos.
“Não me fale que investir em educação é gasto, educação é investimento. Nós somos a geração que podemos tirar o país do atraso. Vou precisar de vocês não só como eleitores, mas como condutores para tirar esse país do atoleiro que nos colocaram”, completou.
Pluralidade
Alckmin aproveitou a ocasião para comparar Lula com Mário Covas, por seu espírito democrático e história de luta pelos mais pobres. “O Brasil é o país da pluralidade e nossa campanha traduz isso. Como Franco Montoro dizia, essa é a lógica do segundo turno [fazer alianças]. Agora são 20 dias de campanha, aqui são todos formadores de opinião, e nós temos que acelerar, nos unir, lutar e vencer. Quem vai defender a democracia se não os democratas?”, questionou.
Presidente histórico do PSDB, José Aníbal também declarou voto em Lula neste segundo turno e recordou que o próprio Covas apoiou Lula contra o Fernando Collor – e o tempo provou que aquele foi um posicionamento correto.
“O Brasil não pode sacrificar mais uma geração, seria um desastre. A educação não pode ser discurso, tem que ser uma ação forte. Eu sei que o Lula, que viveu isso pessoalmente, conseguiu uma posição no mercado de trabalho. Eu nasci em Rondônia, e cada vez que eu vejo o que acontece na Amazônia é de chorar”, lamentou.
Pimenta da Veiga, outro tucano histórico que se posicionou a favor de Lula neste segundo turno, disse que tomou lado por não aguentar mais ver a desigualdade nos lares dos brasileiros.
“Ao longo da minha vida pública tive longos embates com o PT. Não obstante, no momento anterior, votei em Lula contra o Collor, porque vi que naquele instante havia um risco e precisávamos superar diferenças de orientação política. Hoje estou aqui numa posição semelhante. Entendo que nós temos um enorme risco institucional pela frente e isso deve nos unir, e essa união passa pela eleição de Lula presidente. Ele gosta dos mais pobres, compreende os mais pobres, quer ajudá-los e sabe como fazer. Por isso vim aqui me alistar nessa luta, pela sua vitória e pela vitória da democracia”, declarou.
Manifesto
O encontro serviu também para que o grupo Derrubando Muros entregasse para a campanha de Lula um manifesto intitulado Agenda Inadiável, que foi elaborado nos últimos três anos por uma centena de intelectuais.
O documento de 75 páginas apresenta “propostas de políticas públicas para um Brasil democrático com justiça, prosperidade e esperança” em diversas áreas, como educação, saúde, segurança pública, economia, geopolítica e meio ambiente. O grupo, que dialogou com diversas candidaturas nesta corrida eleitoral, também declarou apoio à Lula no segundo turno por considerar Jair Bolsonaro inimigo da democracia.
“O bolsonarismo tornou o Brasil uma vergonha internacional. Potencializou a perda de centenas de milhares de vidas. Solapou as estruturas públicas da educação, do meio ambiente, da ciência. O Brasil simpático e musical se foi, substituído pela imagem das motociatas agressivas, das matas em chamas e pelos insultos do presidente da República”, diz trecho do manifesto.