Um chefe de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Rondônia, procurou a Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (13), após ter o número de telefone e fotos divulgados em um grupo de garimpeiros. Ele denuncia que as mensagens passam tom de intimidação.
De acordo com o servidor, a ação é uma retaliação, depois que mais de 80 dragas utilizadas no garimpo ilegal no rio Madeira foram destruídas durante operação realizada pela PF em Porto Velho.
Na manhã desta quinta, a vítima descobriu que seu número e foto tinham sido divulgados no grupo e os integrantes atribuíam a ele e ao Ibama a responsabilidade pela organização da operação policial.
Algumas horas depois, uma pessoa entrou em contato com ele fazendo perguntas pessoais, como: onde ele trabalha, qual a função, onde estava naquele momento e, mais especificamente, se ele participava de ações contra a garimpagem.
"A gente se sente no mínimo intimidado. Tem uma ameaça implícita, vindo de onde veio: um grupo de garimpeiros que acabaram de ter suas balsas queimadas. A gente pode ter uma represália por causa disso", comentou.
Por temer a segurança da família, o servidor procurou a PF e registrou um boletim de ocorrência como ameaça e intimidação ao serviço público. Ao g1 ele explicou que casos de violência contra o órgão de fiscalização tem se tornado mais frequentes em Rondônia e acabam dificultando os trabalhos dos agentes.
"Essas pessoas se sentem empoderadas e querem enfrentar o poder público. Você acaba trabalhando em permanente alerta. Aquilo que a gente tratava simplesmente como infração administrativa, a gente já começa a lidar com um crime velado. Sempre existe a possibilidade de que alguém vai lhe fazer algum mal ou a sua família", finaliza.
Oposições
Ainda na tarde da quarta-feira (12), um trecho urbano da BR-319 em Porto Velho foi fechado após as dragas terem sido explodidas no rio. No local, garimpeiros e familiares protestaram contra a operação realizada pela PF.
Durante o ato, pneus foram incendiados na estrada que dá acesso ao Porto Organizado e à ponte sobre o rio Madeira, que liga Rondônia ao Amazonas. Filas de carros e carretas foram formadas dos dois lados da via esperando pela liberação da BR.
Após mais de três horas de bloqueio, motoristas forçaram a passagem por entre os manifestantes e a rodovia foi liberada.
Já nesta quinta-feira (13), o grupo voltou a fechar uma via em Porto Velho em manifestação contra a operação da Polícia Federal. O bloqueio foi feito na Estrada do Belmont, que dá acesso a portos e distribuidoras de combustíveis.
A rodovia foi fechada com pneus, pedaços de madeiras e restos de eletrodomésticos. A Polícia Militar está no local.
Operação no rio Madeira
Embarcações do tipo "dragas", utilizadas no garimpo ilegal no leito do rio Madeira, em Porto Velho, estão sendo destruídas por uma operação da Polícia Federal em parceria com o Ibama. A ação iniciou na quarta-feira (12) e não tem data para ser finalizada.
Segundo a PF, a operação busca "desestruturar organizações criminosas que lucram causando prejuízos ambientais com a mineração, modificação do curso natural do rio, destruição da vegetação ribeirinha e interrupção de canais de água".
Até o momento, 81 embarcações já foram fiscalizadas e, de acordo com a polícia, todas as medidas administrativas legais e necessárias para a desestruturação da prática do garimpo ilegal foram tomadas.
Ainda segundo a PF, a destruição das dragas foi necessária por não ser possível guardar, transportar ou apreender os equipamentos das embarcações.