07/02/2023
Quase 18% dos partos realizado em 2022 foram de adolescentes, mostram dados da Semusa
Dos 2.557 partos ocorridos em 2022 na Maternidade Municipal Mãe Esperança, 447 foram feitos em meninas entre os 10 e 19 anos.
A gravidez na adolescência é um grave problema de saúde pública que, segundo a Organização Mundial da Saúde, atinge meninas e mulheres entre os 10 e 19 anos, causando danos psicológicos, físicos e sociais. Em Porto Velho, dos 2.557 partos ocorridos em 2022 na Maternidade Municipal Mãe Esperança, 447 foram feitos em meninas dessa faixa etária, dados que mostram o constante aumento no número de gestantes precocemente.

O papel da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) é garantir o bem-estar de adolescentes e jovens, através da prevenção da gravidez inoportuna e da proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (IST). O problema é comum, principalmente, em meninas e mulheres com baixa escolaridade, que não possuem instrução sobre os métodos contraceptivos. Para a secretária-adjunta Marilene Penati, a falta de orientação e o acesso à educação sexual contribuem para o aumento dessas taxas.

“Educação e saúde precisam estar de mãos dadas para a prevenção da gravidez precoce. Existe muito preconceito sobre falar de sexo com crianças, adolescentes e jovens, e esse tabu precisa ser extinto, porque somente através da orientação é que nós vamos evitar que uma criança de 12 ou 13 anos engravide e se torne mãe”.

Outro desafio enfrentado na saúde municipal é a reincidência na família. “Uma mãe que teve filho jovem, provavelmente terá uma filha que também vai ter filho jovem. A história muitas vezes se repete, e é preciso mudar essa concepção de que a menina pode engravidar ao começar a ter relações sexuais. De fato pode, mas não deve”, afirma a adjunta.

RISCOS

A enfermeira Ana Emanuela, subgerente do programa de Saúde da Mulher da Semusa, reforça que a gravidez na adolescência é de risco, pois na maioria das vezes o corpo da menina ainda está em desenvolvimento, e não totalmente preparado para ter uma gestação e/ou um parto.

“O que nós observamos é que uma gestação nessa fase da vida, traz alguns riscos para a saúde não só da mãe, mas também para o bebê. No caso de gestantes, quanto menor a idade, mais risco de desenvolver um aborto espontâneo, doenças hipertensivas na gravidez, como a eclâmpsia, além da prematuridade, anemia, retardo do desenvolvimento fetal e até mesmo depressão pós-parto. Os fatores de risco são muito maiores nessa população abaixo dos 19 anos do que em mulheres adultas”.

Muito mais que um problema de saúde pública, a gestação precoce é também um problema social, uma vez que meninas que engravidam tendem a afastar-se da escola e ficar sem acesso à educação, diminuindo a possibilidade de ocupar cargos dentro do mercado de trabalho e até mesmo favorecendo o desemprego.

Segundo Ana Emanuela, para combater esse problema “é imprescindível que o serviço público de saúde oferte na sua rede o acesso a meios e formas de prevenir, como por exemplo a contracepção aliada também à educação e orientação sexual”.

PREVENÇÃO

A Semusa oferece em todas as unidades básicas de saúde do município a possibilidade de a população aderir ao planejamento familiar, um conjunto de ações preventivas e educativas que orienta homens e mulheres sobre concepção e contracepção, proporcionando, inclusive, acesso aos métodos contraceptivos ou concepção disponibilizados pelo serviço público de saúde.

Estão disponíveis o anticoncepcional injetável, a pílula anticoncepcional, o dispositivo intrauterino (DIU), além dos preservativos feminino e masculino. A pílula anticoncepcional de emergência (ou pílula do dia seguinte) também é disponibilizada gratuitamente, não apenas para vítimas de violência sexual.

Helita Pereira tem 23 anos, é auxiliar administrativa e foi mãe aos 18 anos. Durante a sua internação na Maternidade Municipal Mãe Esperança, a jovem foi apresentada ao planejamento familiar e decidiu aderir a um método de contracepção de longa duração.

“Eu descobri minha gestação aos quatro meses, consegui estudar e concluir o ensino fundamental, mas escolhi ter apenas uma filha, por isso me cuido para não engravidar novamente”.

Para a secretária-adjunta, o planejamento familiar deve começar cedo, para reduzir o índice de gravidez na adolescência através da orientação, e, em casos como o de Helita, evitar uma nova gestação.

“O primeiro papel do planejamento familiar é orientar. Muitas vezes os pais não enxergam os filhos como adultos e como possíveis meninas e homens que engravidam. Nós aconselhamos essas famílias e oferecemos os métodos contraceptivos que são disponibilizados, não só para os adolescentes, mas para mulheres e homens de forma geral”.

SEMANA NACIONAL DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) promove o 1º Seminário de Prevenção da Gravidez na Adolescência, com o tema “Ampliando o olhar e promovendo o cuidado”. O evento será realizado na próxima segunda-feira (6), no auditório do Ministério Público do Estado de Rondônia, das 7h30 às 12h30, e reunirá palestras e mesas redondas para a discussão da maternidade e paternidade precoce, através da abordagem dos seguintes temas:

- A gravidez na adolescência como desafio para redução da mortalidade materna;
- O papel dos serviços públicos frente à gravidez acarretada pela violência sexual contra a criança e o adolescente;
- Cuidando do adolescer na saúde pública do município de Porto Velho;
- Um olhar sobre a paternidade na adolescência.






 

Fonte: Taís Botelho — PMPV
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