Há mais de 350 quilômetros de Porto Velho, no distrito de Nova Califórnia, um grupo de produtores rurais mostra ao mundo que é possível conciliar o desenvolvimento econômico com preservação ambiental. A união e o objetivo em comum, de gerar riqueza com respeito à Amazônia, resultou no projeto Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca) que acaba de receber um importante incentivo por parte da Prefeitura de Porto Velho.
Na última quarta-feira (15), a Reca recebeu do executivo municipal a licença ambiental de operação. Na prática, o documento busca facilitar as exportações dos produtos da cooperativa.
Para o prefeito Hildon Chaves, ações como esta podem ser replicadas em outras cooperativas e demais iniciativas similares no município e no Estado. “A Prefeitura sempre vem buscando dar todo o apoio possível aos distritos e isso passa por incentivar a quem gera emprego e renda nessas regiões. E a Reca é um modelo fantástico de sustentabilidade, de extrativismo sustentável e de economia verde que sempre buscamos incentivar”, disse o prefeito.
“Agora, com a licença ambiental de operação, essa cooperativa vai poder exportar seus produtos para o mundo. É a Prefeitura apoiando iniciativas que promovam a economia verde e a sustentabilidade em nosso município”, acrescentou Fabricio Jurado, secretário-geral de Governo, na cerimônia de entrega da licença.
Ao todo, o projeto beneficia diretamente mais de 300 famílias, divididas em dez grupos cooperados com capacidade de produção durante todo o ano. Gente como o agricultor Adoleres Rosa, um dos fundadores da Reca e coordenador de um dos grupos cooperados na Linha BL do distrito.
“Na minha linha produzimos de tudo, mas o que se destaca mesmo é o cupuaçu, a andiroba e a goiaba. Quando iniciamos os trabalhos por essas terras, logo entendemos que não dava para seguir com a produção sem manter a floresta em pé e isso motivou a criação da Reca, a qual tenho muito orgulho de ser um dos fundadores”, afirma o agricultor.
BIOATIVOS AMAZÔNICOS
O cupuaçu é um dos exemplos da capacidade de processamento. Intercalando o uso de máquinas e métodos manuais é possível aproveitar toda a fruta, desde a polpa utilizada na indústria alimentícia até o caroço do fruto para a obtenção de óleos e manteigas utilizados na indústria cosmética. Já a casca do fruto retorna aos produtores, agora como adubo para outras plantações.
“O Reca busca hoje extrair o máximo dos bioativos amazônicos sem agredir a floresta. E o nosso carro-chefe é o cupuaçu. Há 33 anos começamos com a ideia de extrair somente a polpa dele, mas desde o início dos anos 2000 entendemos que podíamos levar os benefícios desse fruto também à indústria cosmética”, explica Dielison Furtunato, gerente da agroindústria de extração de óleos vegetais, da Reca.
A cooperativa concentra hoje uma das mais expressivas produções e processamentos de cupuaçu, castanha e palmito de Rondônia. O modelo que vem gerando renda ao município e a famílias de pequenos agricultores.
EXPANSÃO
Outro benefício da licença é a possibilidade de expansão das atividades da cooperativa, por meio de linhas de crédito.
“Um empreendimento desse porte com uma licença ambiental de operação tem praticamente uma carta de crédito para buscar financiamento junto a instituições bancárias. Se tratando de economia verde, o Reca hoje é um modelo que pode inspirar outros modelos a seguir o mesmo exemplo”, finaliza o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema), Alexandro Pincer.