Decreto que requisitou hospital particular para atender SUS será revogado: 'problema não foi resolvido', diz prefeito de Vilhena
Em coletiva de imprensa na Câmara de Vereadores, Flori diz que o decreto assinado por ele era a última alternativa para os pacientes do hospital de Vilhena.
O prefeito Delegado Flori Cordeiro explicou nesta quinta-feira (23) os motivos pelo qual o município de Vilhena (RO) decidiu requisitar um hospital particular do Sicoob Credisul para atender pacientes do Hospital Regional Adamastor Teixeira de Oliveira, via Sistema Único de Saúde (SUS).
A cidade está em estado de emergência de saúde pública desde o fim de janeiro, quando um decreto repassou a administração do Hospital Regional Adamastor Teixeira de Oliveira à entidade filantrópica Santa Casa de Misericórdia de Chavantes.
Com base na questão emergencial, o prefeito Flori Cordeiro publicou um decreto na última segunda-feira (20) requisitando o hospital particular da Associação Cooperar Sicoob Credisul. A medida do poder executivo foi parar na Justiça, que decidiu pela anulação do decreto.
No final da tarde desta quarta-feira (22), a Prefeitura de Vilhena divulgou uma nota conjunta com a Associação Cooperar/Sicoob Credisul prometendo diálogo e que a cooperativa fez a doação de R$ 1 milhão para ajudar o município nas adequações necessárias no Hospital Regional.
Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira, Flori falou sobre essa doação da cooperativa Sicoob.
"Não é porque estou com R$ 1 milhão que foi resolvido o problema. Um milhão é parte do problema, pois para onde eu vou remanejar esse pessoal [pacientes] na hora que eu começar a fazer a reforma? O problema ainda continua. Não há para onde realocar", declarou.
Ainda em conversa com os jornalista, o Delegado Flori falou anunciou a elaboração de cronograma para apresentar à Agevisa e que "vai dar a cara" caso seja necessário desobedecer e incorrer uma possível desobediência.
"Vou fazer um cronograma e entregar para a Agevisa. Se eles não aceitarem, não vai me restar outra coisa a não ser colocar o meu couro em jogo e falar: 'tá desobedecido'. Os senhores não tenham nenhuma dúvida. Eu terei coragem de fazer isso, de desobedecer e incorrer, pois não há outra maneira. Vou fazer o que? Fechar o hospital? Ainda hoje revogarei o decreto mas não porque a questão está resolvida com R$ 1 milhão, mas porque fui levado pelas circunstâncias a tomar essas decisões", declarou o prefeito.
Aos jornalistas, Flori falou que o valor doado pela cooperativa Sicoob vai ajudar a prefeitura a atender parte das recomendações sanitárias feitas pela Agevisa, que incluem melhorias e adequações no hospital, a apresentação de laudo elétrico e um projeto de proteção contra incêndios.
"O R$ 1 milhão vai ser investido nas 22 recomendações feitas pela Agevisa e de imediato na lavanderia do hospital regional, que está interditada", ressaltou.
Segundo o prefeito, o município tem em caixa R$ 25 milhões que não estão comprometidos com dívidas.
Enquanto isso, os atendimentos continuam acontecendo normalmente no Hospital Regional da cidade, pois somente a lavanderia foi interditada totalmente pela Agevisa.
Em nota divulgada, a Agevisa diz ter interditado a lavanderia do Hospital Regional de Vilhena após detectar "RISCO IMINENTE à saúde de seus trabalhadores, pacientes e usuários por não garantir um processamento adequado das roupas".
Batalha judicial
A Associação Cooperar, depois do decreto da prefeitura, entrou com um pedido na Justiça para que a decisão do prefeito fosse considerada abuso de poder e tivesse os efeitos suspensos.
A juíza Christian Carla de Almeida acatou o pedido e apontou, entre os motivos, que o hospital particular não está concluído, e o Hospital Regional está viável para uso, tendo sido apenas a lavanderia interditada.
Na decisão, a Justiça reiterou que a manutenção de serviços municipais é de responsabilidade da prefeitura.