As unidades de acolhimento da Prefeitura de Porto Velho têm ajudado muitas crianças e adolescentes a reescreverem suas histórias, possibilitando a elas um futuro promissor. É o caso de Kayky Gabriel Alves, 19 anos, atleta e campeão de MMA, que atualmente mora em São Paulo.
“Talvez, se não tivesse esse apoio da Casa da Juventude, o sonho dele não iria se realizar, trilharia outros caminhos, porque ele já veio de uma realidade muito triste. Mas eu creio que a partir da percepção dos nossos servidores daquela casa, que apostaram nele, o convenceram de que a sua história poderia ser mudada”, disse Claudi Rocha, titular da Secretaria de Assistência Social e da Família (Semasf).
A Casa da Juventude, onde Kayky ficou acolhido, é mantida pela Prefeitura, através da Semasf. Ali são atendidos adolescentes do sexo masculino dos 12 aos 17 anos, até aos 18 anos excepcionalmente. Kayky foi acolhido na unidade quando tinha 15 anos.
Sefra Maria, que na época era coordenadora da casa, conta que o adolescente foi atendido lá, após entrar em conflito com seus familiares. “Por esse motivo, ele foi para a unidade de acolhimento, e mesmo com o trabalho técnico desenvolvido pela equipe da unidade, não houve possibilidade dele retornar para a família”.
Porém, o que parecia ser mais uma entre tantas histórias tristes, era apenas o começo de uma vida de superação e sucesso no mundo dos esportes.
A equipe de profissionais da unidade apoiaram Kayky a voltar a estudar, ele foi inserido em vários cursos profissionalizantes, mas percebendo a força e a impulsividade do jovem, os servidores o matricularam em uma academia de artes marciais, com quem firmaram parceria. Ali ele aprendeu a lutar e se identificou com o MMA.
UMA NOVA HISTÓRIA
Com 17 anos, após vencer a sua primeira luta, o jovem começou a ganhar notoriedade e visibilidade, até que recebeu convite para morar em São Paulo e seguir rumo à carreira profissional. “Hoje ele é um campeão, um atleta profissional do MMA”, conta com orgulho Marina Falcão, que também foi coordenadora da Casa da Juventude por um período.
“Esse jovem sempre quis trilhar esse caminho de luta e é um campeão hoje”, completou Claudi Rocha, que enaltece a equipe por perceber as aptidões dos jovens acolhidos nas unidades do município.
PARCERIA
Sefra Maria Barros, gerente da Divisão de Proteção Social de Média Complexidade da Semasf, e ex-coordenadora da Casa da Juventude, conta que por meio de um parceiro que buscou a unidade de acolhimento para ofertar cursos de esportes para os adolescentes, Kayky demonstrou interesse pelo MMA e passou a treinar na Academia Cipriano.
“A partir daí ele se identificou, os professores foram muito solícitos e acompanharam bem essa assistência. Ele chegou a participar de campeonatos aqui em Porto Velho e ganhou medalhas. Hoje, ele progrediu, é o sonho que ele alcançou de verdade”, destacou. Atualmente, relata que o adolescente continua mantendo contato, enviando vídeos das suas vitórias. Lembra que em uma das conversas, o adolescente demonstrou desejo de retornar em Porto Velho e compartilhar sua história com os adolescentes, “de que é possível encontrar uma saída e ele é um exemplo disso”.
BOAS RECORDAÇÕES
Kayky conta que teve uma experiência muito boa na Casa da Juventude, onde construiu amizades, estudou e fez muitos cursos. Entre os amigos, ele cita as ex-diretoras Sefra Barros e Marina Falcão às quais ainda chama de tias.
“Eles sempre me trataram como filho, eles sempre tratam os adolescentes assim. Sempre me trataram bem e eu converso com eles até hoje. Tive boa estadia, fiquei doente e cuidaram bem de mim”, recorda.
O atleta confirmou que ainda estava na Casa da Juventude quando iniciou sua carreira no MMA. “A minha primeira vitória no MMA foi no abrigo. Eu tinha 17 anos. Quando eu cheguei no abrigo foi uma alegria. Eu deixei lá o troféu de lembrança porque aquele troféu representa o abrigo, ganhei representando onde eu morava”, disse.
O jovem ainda recorda dos ensinamentos e das outras amizades que ali deixou. “A dona Val, dona Iris, tio Ian, um educador que sempre me aconselhou; seu Vanderlei, que era um vigilante; tio Andreson, um dos caras que eu mais gostava lá dentro. Ele sempre me aconselhou. E tem muitos outros educadores lá que sempre gostaram de mim e eu também gostava deles. Tinha ainda outro vigilante, o seu Rebouças, que era muito legal e eu gostava de jogar Uno com ele, eu e os outros adolescentes”, recorda com carinho.
Ainda de acordo com Kayky, “ali (na Casa da Juventude) não é um abrigo, é uma casa que cuida de você como sua família”, acrescentou.
OUTRAS UNIDADES
Além da Casa da Juventude, que acolhe adolescentes do sexo masculino dos 12 aos 18 anos, o município mantém outras casas de acolhimento: a Casa Moradia, com público feminino de 12 aos 18 anos, o Lar do Bebê e a Casa Cosme e Damião, que atendem crianças do sexo masculino e feminino, dos 0 aos 18 anos. Na Casa Juventude, Kayky viveu até completar os seus 18 anos. Atualmente, a Semasf tem buscado potencializar o acolhimento em Família Acolhedora, considerando essa modalidade o modelo ideal para crianças e adolescentes, garantindo o direito fundamental à convivência familiar.
“A Prefeitura, através da Semasf, dá todo apoio necessário. Dentro dessas unidades de acolhimento uma equipe de profissionais, todos servidores da Prefeitura de Porto Velho, são educadores, psicólogos, assistentes sociais, coordenador, motorista, cozinheira, equipe de apoio e de manutenção. A unidade funciona 24 horas, todos os dias da semana. A equipe nunca para”, informa Sefra Maria.