A informação de que a Azul não vai mais oferecer voucher em acordos judiciais pegou muitos passageiros de Rondônia de surpresa nesta semana.
Mas afinal, o que é voucher de passagem?
É uma espécie de 'cupom de desconto' que pode ser usado para adquirir passagem com tarifa regular ou até abater o valor total da viagem.
A Azul tem dois tipos de voucher: o de desconto, gerado com valor específico (geralmente em casos de remarcação ou cancelamento de voos por parte da empresa) e o voucher ilimitado, que não tem valor específico de desconto.
No entanto, esses vouchers ilimitados costumam ser ofertados apenas nos acordos judiciais, isto é, por meio 'amigável para finalizar o litígio'.
Qual o diferencial deste voucher?
Os vouchers ofertados pela empresa perante a Justiça podem ser usados para reserva de qualquer viagem nacional - garantida ida e volta.
Em suma, um cliente que sai de Rondônia, por exemplo, podia viajar sozinho ou com acompanhantes até Fernando de Noronha (PE), sem precisar desembolsar nada com passagem aérea.
Quantos voucher eram oferecidos no acordo?
Em média, nas ações judiciais do estado de Rondônia a empresa ofertava seis vouchers, sendo que cada um deles contempla uma viagem de ida e volta em território nacional.
Esses documentos têm validade de cerca de 15 meses após serem emitidos pela companhia.
Mudança na política do voucher
Como o voucher não era emitido de forma nominal (no CPF de quem moveu a ação contra a empresa), muitos rondonienses aproveitavam para vender o documento que garante viagem ilimitada na Azul.
Nos últimos anos, segundo a própria empresa, houve uma alta judicialização no estado e isso transformou o voucher em um comércio.
Na internet é frequente encontrar posts de usuários vendendo vouchers ilimitados da Azul, por valores que vão de R$ 1.500 a R$ 2.300.
Camilo Coelho, gerente de relações institucionais da Azul, afirmou nesta semana na tribuna da Assembleia Legislativa que a política da empresa vai mudar e não vai mais oferecer voucher como acordo nas audiências judiciais em Rondônia.
"No início, tínhamos o entendimento também que a emissão do voucher não podia ser emitido de forma nominal [em nome de quem tava processando], pois a pessoa poderia usar para viajar com algum familiar. A partir de agora não vamos mais fazer acordos que envolvam voucher e, se necessário for, a gente vai continuar o processo e vai até o julgamento", ressaltou.
15 mil processos em Rondônia
Em um intervalo de um ano e meio, a Azul Linhas Aéreas sofreu 15 mil processos judiciais no estado.
Os números também mostram que dos 15 mil processos sofridos pela Azul, em 7% deles a pessoa que entrou com a ação, ganhou. Outros 10% dos processos foram julgados improcedentes, ou seja, o autor perdeu a causa.
Ainda segundo o balanço, em 35% das ações o judiciário aprovou o acordo feito pelas partes do processo.
Devido à judicialização, a empresa decidiu suspender voos diretos para Manaus e também para Cuiabá. Em contrapartida, a companhia diz que a partir de novembro vai ofertar um voo direto para Belo Horizonte.