Dezenas de hectares desmatados e gado circulando livremente no Parque Estadual Guajará-Mirim (RO). Esse foi o cenário encontrado pela reportagem da Rede Amazônica durante um sobrevoo na área que ambientalmente deveria estar preservada (veja acima imagens exclusivas).
O sobrevoo de helicóptero aconteceu ao longo da semana, após o início da operação para retirar invasores da área, um trabalho que vem sendo coordenado pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO).
As imagens do alto mostram várias clareiras e um rastro de destruição da natureza. Em uma das áreas é possível ver toras de madeira que não foram totalmente destruídas após a ação das queimadas.
Em um acampamento feito por invasores, a equipe se deparou com uma criação de gado dentro unidade de conservação ambiental. Mais de 2 mil bovinos foram encontrados transitando no parque, apenas nos primeiros dias da operação Mapinguari.
De acordo com a Idaron e governo de Rondônia, o gado está sendo retirado do parque, mas não apreendido.
"Não há apreensão de nenhum animal das fazendas fiscalizadas, sendo realizado tão somente procedimentos administrativos, de reunião e conferência dos animais, considerando a constatação de movimentação do rebanho sem documentação", afirmou em nota.
O estado também reiterou que as pessoas que estavam sem autorização na área "foram autuadas, por conta da falta de documentação pertinente quanto ao trânsito dos animais, bem como pelos órgãos de fiscalização ambiental da operação".
Balanço parcial da operação
A operação iniciou no dia 14 de agosto, segunda-feira, e até a a última sexta-feira (18), cerca de 25 famílias deixaram o parque de forma voluntária, e ao menos 100 barracos foram destruídos. Cinco pessoas foram presas e quatro veículos apreendidos.
O Parque Guajará-Mirim tem cerca de 200 mil hectares, e a área conhecida como bico do parque é a mais devastada pelos invasores. Na região já foram apreendidas armas de fogo e estruturas de rede elétrica.
A operação Mapinguari, como é chamada, segue até o início de setembro, mas a fiscalização e proteção da reserva estadual será permanente, segundo afirmou o Pablo Hernandez Viscardi, promotor do MP-RO e coordenador do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente, Habitação, Urbanismo, Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico (Gaema).
A operação mapinguari mobilizou pelo homens 300 homens e vários órgãos fiscalizadores. De acordo com a justiça a maioria dos invasores do parque são do distrito de Jacinópolis.
A retiradas dos invasores também tem o auxílio das Polícias Civil, Militar e Ambiental (BPA), Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril (Idaron), Secretaria de Ação Social (Seas), Departamento de Estradas de Rodagens (DER), Bombeiros, Exército Brasileiro, servidores da Secretaria de Assistência Social e Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO).
O Parque Estadual de Guajará-Mirim é uma unidade de proteção integral, com aproximadamente 200 mil hectares, localizada em Guajará-Mirim e em Nova Mamoré. Ao longo dos anos, a região vem sofrendo devastação em decorrência da permanência de invasores no local.