O fechamento do lixão da Vila Princesa segue de forma gradativa para adequar Porto Velho à Política Nacional de Resíduos Sólidos. A adesão ao modelo de aterro sanitário trará uma série de benefícios ambientais, sociais, financeiros e à saúde da população.
Na prática, os benefícios estão diretamente ligados à diferença estrutural entre os dois modelos ou, no caso, a falta dela. É que os lixões a céu aberto não dão um destino correto ao chorume, o líquido gerado pela decomposição dos resíduos sólidos, poluindo, assim, o meio ambiente, sobretudo, o solo e lençóis freáticos, conforme explica a coordenadora de Recursos Hídricos do Estado, Daniely Cunha.
“O grande problema é que nos lixões, os resíduos sólidos, de todo tipo, são despejados no solo sem nenhum tipo de tratamento. Os impactos são diversos, como a atração de pragas e a contaminação do solo e da água subterrânea. No aterro sanitário, não temos esse problema, pois são abertas células impermeabilizadas no solo, impedindo que o chorume contamine os lençóis freáticos”, explica.
A adesão ao modelo também traz benefícios sociais, pois permite condições de trabalho mais dignas aos catadores, uma vez que o aterro sanitário acaba estimulando a coleta seletiva por parte da população. O resultado é que os resíduos sólidos já tendem a chegar devidamente separados ao local de despejo, facilitando o trabalho dos catadores que analisam o que pode ser reciclado e o que deverá ser encaminhado ao aterro.
“A coleta seletiva tende a proporcionar uma maior sobrevida ao aterro sanitário, pois só vão para lá os materiais que não são capazes de serem reciclados. Com isso, esse local tem condições de atuar por mais anos”, acrescenta a coordenadora.
Os benefícios também se estendem à área da saúde. Estudos comprovam que a água contaminada é um dos principais causadores de enfermidades, como hepatite, cólera e a diarreia, com esta última acometendo principalmente o público infantil.
Com isso, a substituição do lixão pelo aterro sanitário gera um efeito cadeia positivo ao Sistema Único de Saúde (SUS). Com a destinação correta, o chorume não contamina os lençóis freáticos, a população passa a não consumir uma água contaminada e, assim, não desenvolver doenças e, consequentemente, não sobrecarregando as unidades de saúde e hospitais.
Por fim, o encerramento do lixão também traz repercussões positivas para os cofres do próprio município, conforme detalha Daniely Cunha. “A lei prevê que os entes que não se adequarem ao Marco do Saneamento Básico serão impedidos de assinarem contratos com o Governo Federal. Por isso, a urgência em por fim a esse tipo de modelo. O que a gente nota é que o aterro sanitário traz qualidade de vida à população em todos os sentidos, seja ela ambiental, social, financeira e na saúde”, finaliza a coordenadora.
Atualmente, a Prefeitura iniciou o fechamento gradativo do lixão da Vila Princesa. O município recorreu a um contrato provisório de um ano, podendo ser prorrogável por igual período, para que uma empresa contratada execute a destinação correta dos resíduos sólidos.
A previsão é de que até o dia 10 de novembro deste ano, todo o material produzido pela população de Porto Velho seja encaminhado corretamente ao aterro sanitário, garante a Secretaria Municipal de Saneamento e Serviços Básicos (Semusb).