A captação de água bruta no Rio Madeira para abastecimento de Porto Velho começou a ser 'desafiadora' para a Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd), que já registra racionamento na capital. Isso porque diante da estiagem provocada pelo El Niño, o nível do rio está mais de 40% abaixo do ideal.
Segundo a companhia, a bomba de captação tem conseguido retirar 2,3 milhões de litros de água por hora de dentro do Rio Madeira, usado como manancial de abastecimento de água para mais de 400 mil habitantes.
Apesar do volume de água captada, algumas regiões da capital têm sofrido com desabastecimento, como condomínios localizados ao extremo da zona sul.
Lauro Fernandes, diretor técnico da Caerd, afirmou à Rede Amazônica nesta quarta-feira (11) que o Madeira reduziu bastante seu manancial de captação de água.
"Hoje nós estamos sofrendo uma das maiores crises hídricas de todos os tempos. Em Porto Velho nós temos as fontes de extração que abastecem nossos sistemas de tratamento coletivo, e temos também os sistemas individuais, os chamados poços artesianos que abastecem grande parte da cidade. Hoje temos várias regiões passando por racionamento, realmente passando por dificuldade. Todos esses fatores, baixo nível do lençol freático e rio Madeira, têm afetado a captação", diz.
A seca do Madeira já deixou cerca de 15 mil moradores ribeirinhos sem acesso à água. Por causa disso, a Caerd diz que essas comunidades estão sendo abastecidas com o serviço de caminhão-pipa.
Algumas das comunidades na Margem do Madeira têm poços, mas eles estão com menos água devido à redução do lençol freático.
Em uma nota divulgada nesta semana, a Card afirma estar priorizando o fornecimento regular de água para locais que prestam serviços essenciais, como unidades de saúde, escolas e órgãos públicos, para garantir que essas instalações continuem funcionando adequadamente, apesar das condições adversas de abastecimento de água.
Seca histórica
Nas últimas semanas, o rio Madeira atingiu níveis mínimos históricos devido à seca que afetou toda a região Norte do país. A extensão de água deu lugar a enormes bancos de areia e "montanhas" de pedras no leito do rio.
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o nível do rio na capital está "inferior à cota mínima observada no histórico de 56 anos de medições".
A cota mínima é referente ao nível de água mais baixo que o rio atinge no período da estiagem. Há quase um ano, o Madeira havia atingido a cota de 1,44 metro: o menor nível registrado em 17 anos, mas a marca foi superada nesta semana chegou a casa de 1,20.
Diante da seca histórica do Madeira em Porto Velho, a Agência Nacional de Águas (ANA) decretou situação crítica de escassez de água. A declaração permite que sejam adotadas medidas de prevenção e mitigação de impactos.
Além disso, a ANA poderá determinar novas regras para uso da água e operação de reservatórios. Isso porque o rio Madeira serve como importante hidrovia usada para transporte fluvial de carga e passageiros, com trecho navegável de mais de 1 mil km entre Porto Velho e Itacoatiara (AM).