Porto Velho realiza segunda edição do Prêmio Mulheres Negras
A iniciativa é ligada à criação do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, neste ano celebrado em novembro também em alusão ao Dia da Consciência Negra.
Mulheres negras e que carregam um papel de representatividade na sociedade rondoniense. Esse foi o público homenageado na segunda edição do Prêmio Mulheres Negras, realizado no Teatro Guaporé no último sábado (11). A iniciativa é ligada à criação do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho e criado através de lei municipal, neste ano celebrado em novembro também em alusão ao Dia da Consciência Negra. O evento foi organizado pela Prefeitura de Porto Velho, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família (Semasf).
Ao todo, 20 personalidades foram homenageadas: dez em vida e dez in memoriam. Os nomes foram escolhidos através de uma comissão, criada pela Semasf, e que traziam justamente o critério de representatividade à sociedade rondoniense. “Os nomes são escolhidos entre várias categorias como saúde, educação, empreendedorismo, jornalismo, entre outros. Essas mulheres tiveram feitos importantes e ajudaram em uma história de construção, que muitas vezes não é noticiada. Elas foram escolhidas por uma comissão, formada por 11 pessoas, que também ocupam um espaço importante da nossa sociedade”, explica Elsie Shockness, assessora técnica da pasta de igualdade racial na Semasf.
Representando a categoria educação, a professora, escritora e compositora Célia Marques foi uma das homenageadas da noite. Em seu discurso, ela enfatiza a satisfação de ter esse reconhecimento. “É um prêmio maravilhoso, satisfação imensa, reconhecimento ao nosso trabalho, à contribuição que podemos dar à sociedade, então é fantástico. É uma grande oportunidade de vermos e sermos vistas, o que ainda é muito raro na nossa sociedade” resumiu a professora.
Nas homenagens in memoriam, Damares Soares é assistente social e representou a mãe, Maria Johnson Rossendy de Alleyne, figura conhecida pelo seu feito, mas, que poucos sabem que foi a criadora do famoso e tradicional bolo moca rondoniense. “Foi na década de 1970 que minha mãe, incentivada por uma amiga, decidiu fazer bolos. Porém, não satisfeita, ela achava que todos os bolos tinham o mesmo sabor e então decidiu experimentar novas essências, desde o recheio até a cobertura. E foi assim que surgiu o bolo moca, que tradicionalmente tem que ser batido à mão, tem recheio de doce de cupuaçu e cobertura de amendoim. Hoje venho mostrar um pouco do que ela foi na nossa sociedade e, claro, agradeço por ser lembrada com tanto carinho”, disse Damares.
De acordo com Claudi Rocha, secretário de assistência social do município, a premiação é o primeiro passo para trazer o reconhecimento da mulher negra na sociedade. “A Elsie é uma assistente social engajada na causa e damos todo suporte para que ela, com seu departamento, fizesse esse evento se tornar possível. É uma forma, ainda singela, mas já oficial, de homenagearmos as mulheres negras e deixarmos claro que elas podem chegar aonde quiserem, e que nosso dever é assegurar isso”.
As homenageadas em vida receberam um busto de Tereza de Benguela, mulher forte e destemida que assumiu o comando de um quilombo após a morte do marido. Aos representantes daquelas que receberem a homenagem in memorian foi entregue um certificado.
O evento também contou com uma exposição de telas retratando cada uma das mulheres homenageadas em 2022, obra do artista plástico Edson Andrade.
Abaixo, a lista de mulheres homenageadas neste ano:
MULHERES HOMENAGEADAS EM VIDA
Célia Marques, professora da escola Estela Compasso
Maria das Graças Nascimento, professora da Unir
Ana Maria Ramos, ativista pioneira do Grupo de União e Consciência Negra (Grucon)
Nazira Menezes, pioneira do bairro Nossa Senhora das Graças
Itacy Ferreira da Silva, uma das primeiras dentistas negras de Porto Velho
Kizi Simão dos Santos, médica
Elissandra Cavalcante, a Nenê, jogadora da Seleção Brasileira de Futebol