O Instituto Trata Brasil divulga nesta terça-feira (15) o Ranking do Saneamento de 2025. O estudo, baseado nos dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SNIS) do Ministério das Cidades, revela que Porto Velho continua apresentando números preocupantes.
Os dados do Trata Brasil mostram que Porto Velho avançou uma posição em relação a 2024, passando da 100ª para a 99ª colocação. A última posição este ano ficou com Santarém (PA), o estado do Pará recentemente concedeu os serviços de saneamento básico para a futura concessionária Águas do Pará.
Um exemplo, também no estado vizinho, é Barcarena (PA), que progrediu no saneamento com 90% de água tratada e 70% de esgoto chegando à população. A cidade tem como meta a universalização do saneamento básico até a COP30, que será realizada no Pará este ano.
O levantamento do Trata Brasil aponta que 11 municípios no país já alcançaram 100% de atendimento total de água, ou seja, possuem serviços universalizados. Outros 12 municípios registram índices iguais ou superiores a 99%, também estando universalizados conforme as metas do Novo Marco Legal do Saneamento Básico. Em 2023, ano base para o Ranking do Saneamento, o pior desempenho percentual de atendimento de água foi de 35,02% em Porto Velho. No ano anterior, 2022, o índice mais baixo, também registrado no mesmo município, foi de 41,79%.
Em relação à coleta de esgoto, dois municípios da amostra atingiram 100% de cobertura. Além disso, 38 municípios possuem índice de coleta superior a 90%, sendo considerados universalizados na coleta de esgoto de acordo com as metas estabelecidas. O menor percentual de população atendida com serviço de coleta de esgoto na amostra foi de 3,77%, em Santarém.
No que tange a coleta de esgoto, Porto Velho alcançou 9,27% da população com o serviço, e o tratamento desse esgoto chegou a 12,18%.
Desafios e metas para a universalização
Segundo a Presidente Executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, a edição mais recente do Ranking evidencia que o Brasil precisa acelerar para atingir a universalização dos serviços até 2033.
“Esta edição do Ranking ressalta que, além da necessidade de os municípios garantirem o acesso universal à água potável e à coleta de esgoto, o tratamento do esgoto se destaca como o indicador mais distante da universalização nas cidades, representando o principal desafio a ser superado”, afirma Pretto.
De acordo com a Presidente Executiva do Trata Brasil, há um contraste evidente entre os dados apresentados e o fato de o país sediar a COP30, o maior evento de sustentabilidade do mundo, neste ano.
“É imprescindível trazer o saneamento para o centro das discussões dos prefeitos e prefeitas em todo o Brasil e priorizá-lo nas políticas públicas. Além disso, como país-sede de um dos maiores eventos de sustentabilidade do mundo, a COP30 se abre como uma oportunidade para que os temas de água e saneamento sejam discutidos profundamente, a fim de que se encaminhem soluções coletivas que visem à universalização dos serviços no menor tempo possível”, finalizou Luana Pretto.
Investimento abaixo da média
O levantamento de 2025 também revelou o tamanho do abismo enfrentado por algumas cidades quando o assunto é investimento em saneamento básico, essencial para a universalização do serviço até 2033. Em Porto Velho, ao analisar o histórico de investimento, o recorte mostra que em 2019 o valor era de R$ 8,34, em 2020 caiu para R$ 4,28, e atingiu a pior média de investimento na história recente em 2021, com apenas R$ 0,26, segundo os dados.
Os números apresentaram uma melhora nos anos seguintes: R$ 17,14 em 2022 e alcançou o maior valor da série, chegando a R$ 81,53 em 2023. Considerando todos os valores, a média de investimento por habitante é de R$ 47,97.
O indicador de investimento médio dos 100 municípios que compõem o Ranking equivale a R$ 103,16 por habitante em 2023. O próprio indicador sofreu uma forte queda, a média em 2022 era de um investimento médio de R$ 138,68 por habitante.
Considerando a média de investimento nacional, calculada em R$ 126,97, segundo o SNIS de 2023, Porto Velho está muito longe de investir adequadamente para universalizar os serviços de água e esgoto.
Segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico, o investimento deveria estar no patamar de R$ 223,82 nas cidades que ainda não têm o serviço considerado universalizado.
“O Ranking do Saneamento de 2025, iniciativa desenvolvida pelo Trata Brasil desde 2007, continua a refletir as desigualdades regionais do Brasil também no acesso ao saneamento. Enquanto preponderam nas 20 primeiras posições municípios localizados nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país, as 20 últimas são majoritariamente compostas por municípios das regiões Norte e Nordeste”, explicou Gesner Oliveira, Sócio Executivo da GO Associados, que em parceria com o Trata Brasil, auxiliou no levantamento de 2025.
Além da clara desigualdade, o levantamento reforça que os investimentos precisam ser adequados para garantir a entrega do serviço para toda a população.
“O investimento médio por habitante nos 20 municípios piores colocados é de apenas R$ 78,40, quase três vezes menos do que o necessário para a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033. É, portanto, fundamental que os investimentos que permitem a evolução dos principais indicadores de acesso à água e coleta e tratamento de esgoto sejam ainda mais intensos nestas regiões”, finalizou Oliveira, mostrando a disparidade existente no Brasil com relação ao investimento em saneamento básico.