A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta segunda-feira (12) em Vilhena (RO), a 700 quilômetros de Porto Velho, a operação Ficus com objetivo de desarticular um esquema de propina e lavagem de dinheiro entre empresas locais e servidores da prefeitura. Ao todo, estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, nove de condução coercitiva e cinco prisões preventivas.
De acordo com a assessoria da PF, a operação iniciou às 6h, mas os nomes dos envolvidos ainda não foram divulgados para não afetar no encaminhamento das ações.
Conforme a polícia, as investigações apontaram que existia na prefeitura do município o desvio de grandes valores em dinheiro, que davam entrada em empresas locais. A partir dessa movimentação de pessoas jurídicas, acontecia a lavagem de dinheiro, que era repassado aos servidores públicos envolvidos.
As investigações começaram a partir de uma suspeita motivada pela descoberta de um contrato de trabalho, em que uma empresa de engenharia forjou a terceirização de pessoal, com outra empresa que pertence a um ex-servidor da prefeitura. O contrato previa o repasse de quase 10% dos valores envolvidos em pagamentos trabalhistas de cada obra.
De acordo com a PF, a firma do ex-servidor só existia no papel e era movimentada pela própria empresa de engenharia. O fato revelou em um primeiro momento a suspeita da existência de um duto de propina com ares de legalidade.
A partir dessa decoberta e em decorrência da operação 'Stigma', o material recolhido em buscas e apreensões revelou a existência de uma contabilidade 'paralela'. Na ocasião, foi encontrado nos computadores da empresa de engenharia arquivos de planilhas cujos gastos não constam da contabilidade oficial e tinham o nome de "comissões em geral", dentre outros nomes característicos.
Segundo a PF, o confronto dessas planilhas com o resultado de quebras de sigilo bancários, revelou o pagamento pela empresa de engenharia de grandes quantias a servidores públicos e agentes políticos, sem que até o momento houvesse razão para tanto. O valor dos recebimentos chega a aproximadamente R$1 milhão.
Durante as investigações, a PF deparou-se ainda com superfaturamento em obras no município. No asfaltamento da Avenida Tancredo Neves, por exemplo, valores ilegais que teriam sido pagos pela prefeitura somariam a quantia de cerca de R$ 2,5 milhões.
Também foram identificados pagamentos de quantias da prefeitura, através de cheques de cerca de R$ 300mil, e de empresas de engenharia que prestam serviços ao Município, a uma empresa do ramo de alimentos. Esta empresa, que receberia os valores, teria acabado de fazer doações de campanha e repasses para pagamento de dívidas de pessoas ligadas a ex-servidores públicos municipais. Segundo a PF, este ato é caracterizado como lavagem de dinheiro, peculato, dentre outros crimes.
Operação 'Stigma'
Em julho de 2015, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) começaram a desenvolver a primeira fase da 'Operação Stigma', que apurou um esquema de desvio de dinheiro da União na prefeitura de Vilhena. Na ocasião, foi realizada busca e apreensão em uma empresa, que é prestadora de serviços ao Município.
O proprietário foi preso e liberado após delatar informações sobre o caso. Ao decorrer das investigações, diversas pessoas foram presas e seis ex-servidores municipais foram condenados.