O Ministério da Educação (MEC) disponibilizou 14 arranjos possíveis das escolas com base nas médias dos alunos nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015. São rankings que consideram aspectos como a escola ser pública ou privada, porte da escola, permanência dos alunos durante todo ou parte do ensino médio e formação dos professores.
O objetivo, de acordo com o MEC, é disponibilizar para pais e responsáveis alternativas de análise das escolas. "Eu considero que a importância do Enem por escola não é só referenciar o resultado, mas o contexto em que ocorreu. O simples ranking fala pouco do contexto da escola", diz a presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini. "O ranking sozinho é inapropriado para indicar para os pais a qualidade da escola".
"A contextualização dos resultados revela que, mesmo nas públicas com os melhores resultados, há contextos específicos das melhores escolas públicas que selecionam alunos com melhor desempenho e são alunos de pais de alta escolaridade", acrescenta a secretária Executiva do MEC, Maria Helena Guimarães.
Desigualdade
Os dados do Enem por escola evidenciam a desigualdade entre escolas que atendem estudantes de níveis socioeconômicos altos e baixos. De acordo com os dados divulgados pelo Inep, a média dos estudantes com nível socioeconômico muito alto foi de 599 pontos, enquanto daqueles com nível socieconômico muito baixo atingiu 454 pontos. "Mais de 100 pontos é uma enorme desigualdade no ensino médio brasiliero", diz Maria Helena. Segundo Maria Inês, a escola deveria suprir as diferenças sociais em que os alunos estão inseridos.
Ao todo, foram divulgados os resultados de 14.998 escolas, que são aquelas nas quais pelo menos a metade dos alunos do terceiro ano participaram no Enem e esse número equivale a pelo menos dez estudantes. No país, são 25.777 escolas com alunos matriculados no 3º ano do ensino médio regular.
Segundo a secretária Executiva, estudantes de nível socioeconômico mais baixo deixam de participar do Enem. "A participação dos alunos de nível socioeconômico maior é mais alta. Os alunos de estratos inferiores nem se inscrevem para fazer Enem. Que igualdade é esse que o ensino médio está oferecendo?".
Seleção
De acordo com o MEC, as escolas públicas e particulares que ocupam o topo dos rankings tradicionais são na maioria escolas que selecionam os estudantes. Nas públicas, são escolas federais, militares e técnicas. Maria Helena e Maria Inês se posicionaram contra provas como critério de seleção para as escolas públicas.
"Na hora da seleção por desempenho acaba que os alunos com maior nível socioeconômico, com pais com o ensino superior completo, acabam conseguindo as vagas. É muito importante que estudantes de níveis socioecnômicos mais baixos possam também ter essa oportunidade", diz Maria Helena. Segundo ela, a seleção poderia adotar critérios que considerassem o nível socioeconômico ou mesmo inscrever os alunos por ordem de chegada ou sorteio.
Reforma do Ensino Médio
O MEC defendeu a reforma do ensino médio, que foi enviada ao Congresso Nacional como solução para a desigualdade no ensino. "Eu acho que os resultados de 2015 mostram a necessidade da reforma do ensino médio. Temos um enorme contingente de alunos que está aprendendo muito pouco. O conteúdo é conservador. Quanto mais amigável for a escola, mais acolhedora do projeto de vida dos estudantes, mais os jovens vão se interessar", diz Maria Inês.