Foto: Ésio Mendes/Secom - Governo de Rondônia/Reprodução
A obesidade movimenta diariamente a Policlínica Oswaldo Cruz, em Porto Velho, onde são atendidos, mensalmente, 150 pacientes, apenas na parte médica, mas o fator de risco para uma série de doenças dela decorrentes ultrapassa os 1,2 mil pessoas.
Na equipe multidisciplinar da POC trabalham um enfermeiro, um médico, uma nutricionista e um psicólogo. Por suas mãos já passaram até agora 1,5 mil pessoas cadastradas.
“Rondônia segue a tendência nacional. Segundo a Sociedade Brasileira de Obesidade [SBO], 55% de mulheres têm problemas e procuram tratamento, enquanto o percentual de homens é de 45%”, disse o médico endocrinologista, Orlando Leite de Carvalho.
O Brasil tem cerca de 18 milhões de pessoas consideradas obesas. Alguns levantamentos apontam que mais de 50% da população está acima do peso. Somando o total de indivíduos acima do peso, o montante chega a 70 milhões, o dobro de há três décadas.
José Vidal Ramires Calonga, 49 anos, casado, pai de cinco filhos, sul-mato-grossense de Três Lagoas, não pôde mais exercer a profissão de mecânico.
Dois anos atrás, passou a ser taxista em Nova Mamoré, a 280 quilômetros de Porto Velho. De 150 quilos, perdeu apenas oito, recentemente.
“Fiquei depressivo depois de perder meu pai e minha mãe. Não dormia direito, chupava latas de leite condensado e comia tudo o que tinha no fogão e na geladeira, até fora de hora”, relatou.
Assistido durante três meses por um médico da cidade, em 2014 perdeu mais de 30 quilos. Comia apenas folhas. O tratamento foi interrompido com a mudança do médico. Agora, além de obeso, tem erisipela na perna esquerda.
Seguidor da Igreja Assembleia de Deus, recebeu também apoio de um amigo de outra igreja, a Congregação Cristã no Brasil, em Tarilândia, distrito de Jaru. Assim foi encaminhado ao Programa de Obesidade, em Ariquemes, e de lá para a POC, na capital.
“Eu fiquei três meses com as pernas para cima, mas Deus é fiel e não desisti. Estou com a mente preparada, no regime e nos remédios certos, esperando a chance da cirurgia”, acrescentou.
SEDENTARISMO E ERRO ALIMENTAR
Qual a melhor medida para reduzir o problema? “Reduzir remédios receitados e se dispor a eliminar o sedentarismo e evitar o erro alimentar”, responde o médico Orlando Leite.
“A diminuição da qualidade de vida é atualmente o mais preocupante”, completa.
Segundo o endocrinologista, além de visitar o ambulatório, alguns pacientes são consultados por médicos de diferentes especialidades associadas à obesidade, como osteoarticulares, diabetes melitus, dislipidemia, hipertensão arterial, entre outras.
O fluxo de atendimento começa pelo encaminhamento de pacientes pelas unidades de saúde. Em seguida, eles passam aos cuidados de enfermeiras da obesidade para o protocolo de exames, e depois visitam o médico, que examina alterações no metabolismo, o psicólogo e a nutricionista.
Quem está com sobrepeso é adequado ao protocolo e encaminhado para o ambulatório de cirurgias bariátricas.
SITUAÇÃO PIORA
?Em 2025 o mundo terá 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos.
? O sedentarismo aumenta com a idade. Entre homens com idade de 18 a 24 anos, 60,1% praticam exercícios. Esse percentual se reduz para menos da metade aos 65 anos (27,5%).
?Entre mulheres de 25 a 45 anos, 24,6% se exercitam regularmente. A proporção é de apenas 18,9% entre mulheres com mais de 65 anos.