12/11/2015
Sem Messi, Argentina ignora jogo com Brasil
Assunto do momento, 2º turno de eleição é destaque nas ruas de Buenos Aires que são tomadas por cartazes de candidatos
Brasil e Argentina entram em campo nesta quinta-feira (12) em jogo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo 2018. Após tropeços nas primeiras rodadas, as duas seleções mais tradicionais do continente lutam pela recuperação no duelo desta noite, no estádio Monumental de Nuñez. A partida, no entanto, está longe de prender a atenção das pessoas nas ruas em Buenos Aires.
 
Ao contrário dos tempos em que a rivalidade ficava ainda mais exacerbada em jogos com essa carga de pressão, os argentinos não se empolgam para o confronto. O assunto nos bares, restaurantes e outras rodas de conversa é outro: o segundo turno das eleições presidenciais. Ignorando a partida das Eliminatórias, os Hermanos só pensam na disputa do próximo dia 22 entre Daniel Scioli e Mauricio Macri para ocupar a cadeira de Cristina Kirchner.

A dez dias do pleito decisivo, a questão é uma só em Buenos Aires: "Scioli ou Macri?". Os dois candidatos se tornaram ainda mais protagonistas na discussão ao passe que a grande estrela que poderia atrair a atenção para Argentina x Brasil não estará em campo. Lesionado, Messi nem sequer se juntou ao grupo que irá encarar o time de Dunga.

"Há uma soma de fatores explicando este cenário. Primeiramente, claro, temos uma campanha eleitoral importante em um momento que um país em crise precisa decidir o que pensa para o futuro. Temos ainda um período em que os argentinos não têm mais aquele ufanismo. Não há um orgulho do país. Isso acaba se refletindo na seleção. Por fim, o grande protagonista que poderia mudar isso não vai jogar, que é o Messi. Tudo isso colabora. As pessoas, de fato, nem lembram do jogo", comentou o jornalista e especialista em política argentina Ariel Palácios, que vive na capital há 20 anos.
 
"Frequento um armazém e tenho três amigos loucos por futebol lá. Todos só falam da eleição. Até estranhei. Nenhum deles se empolgou com o jogo de quinta", completou Palacios, exemplificando o descaso da população local com o jogo. Pelas ruas, cartazes eleitorais tomam os espaços que um dia foram de Messi, Tévez – outro desfalque – e demais esportistas em evidência na Argentina. Até mesmo o espaço na TV que poderia ajudar a promover o jogo é utilizado para a campanha. 

"O canal estatal [TV Publica] que têm os direitos de transmissão de jogos de futebol também está focado apenas em eleições. Por ser um canal do governo, passa a programação inteira fazendo campanha por Scioli [candidato apoiado pela atual presidente, Cristina Kirchner]. Chama Macri de malvado, não dão direito de resposta. É até errado, pois a lei não permite. Mas desrespeitar as regras virou comum aqui. Tudo pela eleição. É a guerra do momento", resumiu Ariel Palacios.
 
Sem Messi, Tévez, Garay, Zabaleta e Pastore, a Argentina terá que superar o desinteresse de parte de seu povo para realizar a habitual pressão diante do maior rival. O Brasil, por sua vez, conta com o retorno de Neymar para aproveitar os desfalques adversários e vencer a primeira fora de casa nas Eliminatórias.




 


Fonte: Sportv
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