"Com a crise que estamos não dá para aumentar os salários e a tarifa permanecer a mesma", diz diretora executiva do consórcio SIM
Elizabete Barofaldi, que está em período de negociação com o sindicato da classe, diz que a preocupação é a cobrança sindicalista para reajuste de 19%, “Isso é completamente inviável, afirmou. Na última sexta-feira (31), trabalhadores do transporte coletivo recusam contraproposta do Consórcio.
Há um ano e três meses à frente do transporte coletivo de Porto Velho, o Consórcio SIM se mantém otimista em relação às melhorias que ainda podem ocorrer no sistema, e apesar da crise instalada em todo o país, a folha de pagamento dos trabalhadores tem sido tratada como prioridade pela administração do consórcio. “O Grupo Rovema está há 30 anos no mercado aqui na capital, e sempre tratamos com respeito os nossos colaboradores. Apesar de já termos assumido o sistema com uma grande disparidade entre a tarifa que é cobrada e o reajuste anual de salários da categoria, mantemos em dia a folha e todas os benefícios oferecidos aos nossos funcionários”, disse Elizabete Barofaldi, diretora executiva do consórcio.
Desde o início de operações do consórcio, a diretora afirma que houve um trabalho de realinhamento dos funcionários, devido às dúvidas e inseguranças da classe remanescente do antigo sistema de transporte que operava na cidade. São mais de 860 funcionários, com quase 700 só de motoristas e cobradores. Motoristas e cobradores cumprem seis horas de trabalho de acordo com a escala de serviço.
Salários e benefícios
A média de salário de um motorista do consórcio é de R$ 1.794, que somado à média de horas extras, adicional noturno, DSR, sobe para R$ 2.107,20. De benefícios, todos recebem a cesta básica no valor de R$ 190, ticket refeição (Visa Vale), R$ 270, seguro de vida no valor de R$ 5,90, assistência de saúde R$ 29,14, e ainda a média de vale almoço e café da manhã de R$ 109,57, totalizando R$ 604,61 só em benefícios. A remuneração geral do motoristas cresce para R$ 2.711,80.
Para os cobradores, o salário base é de R$ 1.076, mas somado às medias horas extras, adicional noturno e DSR, vai para R$ 1.222,78, e mais R$ 549,61 de benefícios, resultando em uma remuneração geral de R$ 1.772,39. Os fiscais recebem salário médio de R$ 1.347, crescendo para R$ 1.438,50 com as horas extras, DSR e adicional noturno, e ainda R$ 569,61 de benefícios, totalizando R$ 2.008,10 em remuneração geral.
Elizabete Barofaldi diz que está em período de negociação com o sindicato da classe, sob nova diretoria, e que a preocupação é a cobrança sindicalista para reajuste de 19%. “Isso é completamente inviável. Depois de cinco anos se reajuste de tarifa, só conseguimos o reajuste de R$ 2,60 para R$ 3 depois de muita negociação. Com a crise que estamos não dá para aumentar os salários e a tarifa permanecer a mesma. A tarifa de Porto Velho é a mais barata das capitais brasileiras, não temos nada de subsídio, e por outro lado o salários dos motoristas e cobradores, é o sexto maior do Brasil”.
Pressão
Em dias úteis, o Consórcio SIM registra cerca de 75 mil giros de catraca por dia, e 32% desse total é de gratuidade, dividida entre idosos, PCA, PCD, o estudante que paga meia. Custos que, segundo Elizabete, não são devolvidos pelo poder público à empresa. “Me preocupa ainda a pressão do sindicato em falar sobre greve, sendo que podemos entrar em um acordo, conversarmos com a prefeitura para que o sistema opere sem obstruções ao direito do usuário. É um momento para darmos as mãos, porque se parar vai ser ruim para todo mundo”, considerou.
Novo prefeito
A diretora executiva comemora que a nova gestão municipal esteja sensível às necessidade de mudanças nas rotas de ônibus e em breve novas linhas devem ser desenhadas para ampliar o atendimento ao usuário e facilitar o trabalho do consórcio. “Estamos sempre em contato com a Semtran, trabalhando para melhorar o serviço e dar mais qualidade ao transporte público”, completou.
Trabalhadores elogiam
O motorista de ônibus Francisco Damasceno, que há 25 anos trabalha no transporte público da capital, diz que apesar das diferenças atuais em relação aos salários, a situação é favorável, diante da crise que assola ao país, e até mesmo de tudo que a categoria viveu nos últimos anos no antigo consórcio.
“Já tivemos época de ótimos salários, mas com a instabilidade que se formou, passamos maus bocados no passado com pagamentos e benefícios atrasados. Agora temos salubridade, higiene e segurança. Os carros passam por manutenção limpeza todas as noites, podemos contar com o nosso salário em dia, e isso é uma segurança também”, disse Francisco.
Já a cobradora Aparecida Pereira, diz que os benefícios ajudam muito. “A cesta básica e o Visa Vale são muito bons, nosso horário de trabalho é respeitado, as folgas também, e a segurança dos carros também são muito importantes. Eu estou saindo de férias este mês de abril, mas para se ter uma ideia, a remuneração do período foi depositada oito dias antes das minhas férias começarem. Tenho liberdade de falar e resolver tudo diretamente com o RH e o administrativo, sem nenhum constrangimento. Isso para nós é respeito”, finalizou.