Hospital de Base de Porto Velho inicia em outubro implante de anticoncepcional de longa duração em adolescentes pós-parto
Segundo estudos, desde 1970 tem aumentado os casos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das adolescentes grávidas. A gravidez ocorre geralmente entre a 1ª e a 5ª relação sexual, sendo o parto normal a principal causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS), entre 10 e 14 anos.
Para evitar uma nova gravidez não planejada em adolescentes de 14 a 19 anos de idade, o governo de Rondônia dará início, no próximo dia 3, ao Projeto Implanon (Implante Contraceptivo Subdérmico), que consiste na implantação, de forma gratuita, de um anticoncepcional reversível de longa duração em adolescentes pós-parto. Conforme a médica Conceição Simões, supervisora de Residência Médica Ginecológica e Obstetrícia, a princípio o método será utilizado nas adolescentes atendidas na maternidade do Hospital de Base Ary Pinheiro, de Porto Velho, mas a expectativa é que logo se expanda para outros municípios onde é grande o índice de gravidez nessa faixa etária. O lançamento do projeto aconteceu nesta quinta-feira (28).
O Implanon, que no mercado custa mais de R$ 1 mil, possui cerca de quatro centímetros e de rápida inserção (30 segundos), e atua bloqueando a ovulação e fecundação dos espermatozoides por cerca de três anos. O implante é feito na área subdérmica, entre 8 a 10 centímetros da região do cotovelo, tem efeitos adversos e um período de adaptação de seis meses. Ao ser retirado, o retorno da fertilidade é imediato, em 48 horas.
Segundo estudos, desde 1970 tem aumentado os casos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das adolescentes grávidas. A gravidez ocorre geralmente entre a 1ª e a 5ª relação sexual, sendo o parto normal a principal causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS), entre 10 e 14 anos. No Brasil, são 600 mil partos de adolescentes com idade menor a 19 anos. A região Norte detém o maior percentual (23,2) e o Sudeste o menor (15,2%).
Sobre Porto Velho, Conceição Simões citou estudo (Almeida, 2016) que mostra que de 2006 a 2013, dos 63.311 partos realizados, pelo menos 14.547 foram de mães adolescentes, de 10 a 19 anos, uma média de 1.818 por ano. O levantamento foi feito em três Unidades de Ponto-Atendimento (UPAs), quatro Unidades Básicas de Saúde (UBSs), quatro hospitais públicos e nove hospitais privados.
Conceição explicou que o implante será realizado pelos médicos que fazem residência em ginecologia e obstetrícia, supervisionados por médicos preceptores que participaram recentemente de um treinamento na Universidade de Campinas (SP). Ao todo são 17 residentes do HB e 12 da Maternidade Municipal Mãe Esperança, que participarão da iniciativa nesta primeira fase, beneficiando 500 jovens, que ainda poderão optar, caso considerem mais conveniente, pelo Dispositivo intrauterino (DIU). “Iremos disponibilizar os dois métodos”, observou, adiantando que para que seja realizado o implante, é necessária a assinatura de um termo de consentimento pela adolescente maior de 18 anos ou pelo responsável legal.
A médica destacou a importância deste novo método por ter longa duração, o que evitará complicações mais sérias para as jovens na tenra idade, que incluem, além da gravidez não planejada, deficiência nutricional, anemia, aborto, partos prematuros, pré-eclâmpsia e eclampsia, hipertensão, depressão, má formação e até mortalidade, uma vez que o corpo não está preparado. O projeto ainda representa economia para o sistema de saúde pública, com internações; e a própria família da adolescente. “Essas jovens precisam ter atenção desde a escola, pois muitas vezes em casa a família se fecha, não existe uma conversa franca, e a gravidez acaba acontecendo precocemente e desestruturada”, disse Conceição.
O projeto para o HB foi desenvolvido pela ginecologista e obstetrícia Ida Perea e recebeu apoio do secretário estadual da Saúde, Williames Pimentel, preocupado com o número de adolescentes grávidas em Rondônia, em especial na capital.